quarta-feira, 19 de agosto de 2015

EdUERJ: promovendo o legado de Euclides da Cunha

Lançamento da EdUERJ em 2015
Como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, Euclides da Cunha acompanhou e pesquisou, com propriedade, a guerra de Canudos, assunto que viria a ser tema de sua principal obra. Os sertões, publicado em 1902, trata desse episódio marcante da história brasileira, ocorrido no interior da Bahia. Considerada uma das principais narrativas em língua portuguesa, transita entre a ficção e o relato histórico, tendo influenciado nomes ao redor do mundo. Um livro que desbrava o cenário sertanejo, marcado por desigualdades sociais, configurando-se uma incursão literária pródiga em detalhes regionais e aspectos antropológicos. Guiada por uma construção espetacular em língua portuguesa,  a obra já seria suficiente para que o autor escrevesse o seu nome no panteão dos gigantes da literatura brasileira.
Contudo, quis o destino que Euclides também se tornasse um personagem, um mito. Um homem que morreu assassinado ao vingar-se do amante da esposa. Como em uma tragédia grega, seu filho também foi abatido ao tentar vingar, anos mais tarde, a morte do pai.

Euclides, o autor, tornou-se Euclides, o personagem dos outros: de roteiristas (como o de uma minissérie que passou na Globo há anos) ou dos cidadãos e jornalistas que alimentaram a lenda. Felizmente, seu legado intelectual superou o rastro deixado por sua tragédia, pois a história de sua vida veio a reforçar o interesse pela sua obra. Coloque “Euclides da Cunha” em um site de busca. A resposta chama-se “Os sertões”, ponto em comum distribuído nas páginas que surgem quando se procura por seu nome. Mas não para por aí.Euclides está nas livrarias, na prateleira das casas e também nas escolas. A EdUERJ já havia lançado “Euclides para jovens leitores” agora lança “Euclides, mestre-escola”, livro organizado por Anabelle Loivos Considera, Anélia Montechiari Pietrani e Luiz Fernando Conde Sangenis.
Grande parte dessa obra parte da experiência obtida no projeto de extensão “100 anos sem Euclides”, unindo, desde 2008, a UFRJ, a UERJ e o Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência.


“Euclides, mestre-escola” divide-se em três partes. A inicial traz ensaios diversos que abordam a ligação entre o célebre autor e a educação e aponta iniciativas pedagógicas inspiradas por ele. Por exemplo, conta-se a respeito das atividades do projeto de extensão “100 anos sem Euclides”, com a proposta de articular ações sociais, culturais e educativas no município de Cantagalo. Outro ensaio apresentado na primeira parte do livro trata do desafio de oferecer os textos euclidianos aos estudantes. Os alunos muitas vezes têm dificuldades com o estilo rebuscado do autor. Cabe ao professor dirimir as dúvidas.

Na segunda-parte, os capítulos abordam aspectos diversos da obra de Euclides, como sua poesia, seu estilo literário, o engajamento social, e sugere também pontos em comum entre os textos de Euclides e obras atuais. Há mesmo um capítulo que tece paralelos entre “O sertões” e “Cidade de Deus”, o livro de Paulo Lins.

Por fim, a terceira parte, “Crônicas históricas da memória cantagalense”, é dedicada ao local que marcou a infância do escritor.

A soma desses ensaios interessará a educadores, professores e também estudantes de letras, apontando pistas para seja compreendida a importância de sua contribuição para a cultura brasileira.

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