quinta-feira, 30 de abril de 2015

EdUERJ lança "Diálogos interdisciplinares"

Na segunda-feira, 11 de maio, a EdUERJ lança o livro “Diálogos interdisciplinares: Literatura e Políticas Culturais”, cujos ensaios enfocam conceitos de cultura e identidade, levando em conta as mudanças na esfera cultural do mundo contemporâneo. O livro, organizado por Geraldo Pontes Jr., Maurício Barros de Castro e Myrian Sepúlveda dos Santos, será lançado às 19:00 na Blooks Livraria, na Praia de Botafogo, 316 (Espaço Itaú de Cinema).

Diálogos interdisciplinares enfatiza a aproximação entre a área de letras e as ciências sociais, explorando perspectivas diversas. Um exemplo disso é encontrado no segundo capítulo (“Tensões e disputas culturais”), de Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, que faz uma ponte entre o romance “Recordações do escrivão Isaías Caminha” de Lima Barreto e a literatura contemporânea/jornalismo.

Outro destaque é o primeiro capítulo, “Arte, cultura e poder”, do sociólogo Renato Ortiz. Ele aponta como fatores como a técnica nas sociedades atuais, o movimento de globalização e o advento de movimentos identitários alteram em muitos aspectos  os entendimentos do conceito de cultura. Para ele, cultura encerra uma polifonia de sentidos, inserindo-se em diversas áreas do saber, tais como antropologia, sociologia ou crítica literária.

O livro interessará aqueles que procuram observar manifestações culturais, principalmente as da área da escrita, sob o viés das ciências sociais. Neste caso, destaca-se o olhar dos ensaístas, valorizando tópicos como as tensões da cultura, o apagamento da memória, os processos de dominação e os engodos históricos.
O resultado é uma reflexão a respeito da sociedade contemporânea, com temas atraentes a críticos literários, sociólogos, antropólogos, historiadores e cientistas políticos.


Contato: imprensa.eduerj@gmail.com

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Livro novo chegando por aqui!

Homossexualidade e adolescência, sob a ótica da saúde, de Stella R. Taquette traz à tona um tema relevante e pouco explorado, tratado sob o ponto de vista da saúde, é apresentado de maneira clara e didática. 

Além de conceitos teóricos, necessários para a compreensão adequada da sexualidade, dos problemas da saúde e da importância da educação para prevenção, são apresentados dados revelados por pesquisas sobre tópicos como homofobia, DST e HIV/Aids, que envolveram adolescentes. 

Uma abordagem ligada à produção de sentidos sobre as vivências e às experiências da vida, que torna essa obra uma leitura obrigatória para todos aqueles que constroem seu saber nas diversidades da vida, no respeito às diferenças e na escuta do outro.

R$40,00
252p.
ISBN: 978-85-7511-360-8

terça-feira, 28 de abril de 2015

No Dia Mundial da Educação, que reflexões a história da educação pode nos trazer?

Neste Dia Mundial da Educação, que reflexões a história da educação pode nos trazer e quais são as suas relações com os programas de formação dos docentes? Professores representantes das sete universidades do estato do Rio de Janeiro, UERJ, PUC-Rio, UFRJ, UFF, UNIRIO, UENF e UFRRJ, apresentaram suas experiências em debate sobre o ofício e os compromissos relativos à pesquisa, ao ensino e à formação docente.

A soma destas narrativas constitui “História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos”,  da Editora da UERJ. Organizado pelos professores José Gonçalves Gondra, Maria de Lourdes da Silva e Roni Cleber Dias de Menezes. Trata-se de um registro dos esforços individuais e coletivos em prol da formação profissional no Rio de Janeiro.


Os estudos apresentados em cada capítulo são provenientes de um ciclo de palestras realizado no campus Maracanã da UERJ. Acompanha o livro, encartado, um dvd com o filme produzido a partir deste evento. Juntos, livro e DVD propiciam, aos pesquisadores da área, subsídios que podem enriquecer o debate sobre a trajetória e desafios do ensino da história da educação na formação docente.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Entrevista: Daniel Moutinho



O Blog da EdUERJ conversou com o Daniel Moutinho, mestrando de literatura comparada pela UFRJ, um dos autores cujos artigos foram selecionados para livro V Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea, lançado pela EdUERJ. O ensaio de Daniel iluminou determinadas características de “A audácia dessa mulher”, livro de Ana Maria Machado.

Como foi o processo de produção do texto “A metaficção de A audácia dessa mulher, de Ana Maria Machado"?

Esse ensaio é parte da pesquisa da minha Dissertação de Mestrado, na qual estudo dois romances metaficcionais: este eCordilheira, do Daniel Galera. Quando surgiu a chamada para o Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea, em meados de 2014, eu estava mais envolvido com este livro do que com o Cordilheira, por isso escolhi esse tema. É uma forma de apresentar resultados parciais da pesquisa e de pôr as hipóteses à prova.

Quais qualidades que te atraíram no livro dessa autora?

A leitura desse romance, há alguns anos, me incomodou muito - no bom sentido! Eu não entendia como uma mulher culta (uma das personagens do livro), que já tinha sido professora de literatura, lia o diário de uma personagem como Capitu e não a reconhecia. Devorei o livro para descobrir que explicação ele daria. Daí surgiu meu interesse pela metaficção. Quer dizer, uma leitura catártica me levou a levantar questionamentos teóricos e, consequentemente, me rendeu um projeto de Mestrado.

Em que o seu texto apresenta um olhar diverso de outras análises que vêm sendo feitas sobre a mesma obra?
Todos os trabalhos sobre "A audácia" que encontrei falam muito da questão feminista e do Dom Casmurro. Eu concordo que não dá para analisar o livro sem isso, mas nenhum deles se aprofundava no caráter metanarrativo, e me propus a pesquisar isso.

Esse romance de Ana Maria Machado é considerado metaficcional e dialoga com Dom Casmurro. Por que você acha que o livro de Machado de Assis provocou essa “resposta literária” da escritora?

A audácia...foi publicado em 1999, no centenário de Dom Casmurro. Apesar de subverter o romance de Machado, é uma homenagem e uma atualização das questões de gênero que permeiam essa obra. No Dom Casmurro, Bentinho e Capitu vão para a Europa, ele volta sozinho e ela some da história. Ana Maria deu continuidade à vida dela; é uma ideia muito bonita.

Aproveitando e falando um pouco do clássico de Machado de Assis...Há aqueles que consideram o livro Dom Casmurro uma obra de teor “falocêntrico” e machista. Já outros veem uma certa crítica àquela sociedade da época, ao demonstrar o personagem principal tão obcecado (ou paranoico). Você se colocaria em algum desses lados?

Acho injusto "criticar" uma obra de Machado por um suposto machismo em seu conteúdo. É uma espécie de anacronismo crítico e teórico: julgar um texto do passado com as ideias de hoje. Machado, como qualquer um de nós, é um homem do seu tempo, existe um contexto social por trás. É bom lembrar que foram necessários 60 anos para a dúvida sobre a traição de Capitu ser levantada. A primeira a falar disso foi uma crítica mulher, e norte-americana, Helen Caldwell. Ou seja, de um contexto sociocultural totalmente diverso daquele em que Machado produziu. Até 1960 Capitu era adúltera e ponto final, o que diz alguma coisa sobre a expectativa da sociedade brasileira sobre o assunto. Sobre a crítica à sociedade da época, ela está presente em todo Machado; com certeza ele não queria que Bentinho fosse visto como um herói ou qualquer tipo de exemplo a ser seguido. Nesse sentido ele estava muito à frente de seu tempo...

Voltando ao seu ensaio publicado no livro da EdUERJ, Ana Maria Machado optou pela intertextualidade, com uma obra dentro de outra. Você acredita ser este um recurso de cunho estritamente estilístico ou há também outros motivos para trilhar esse caminho?

Neste caso, existe um propósito claramente político: o de repensar as relações de gênero a partir de uma personagem clássica da literatura nacional. A intertextualidade e a metalinguagem formam, emA audácia..., um jogo de espelhos em que todas as personagens femininas se refletem em uma Capitu reinventada, que trilha seu próprio caminho, conta sua própria história e se torna uma empresária bem-sucedida na Europa após se separar do Bentinho. Dá para considerar como um recurso "pós-moderno", e o pós-modernismo é bastante criticado por um suposto esteticismo acrítico, inconsequente. Não é o caso deste romance, com toda a certeza. É um livro feminista.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Na Feira das Editoras Universitárias

Fotos da Editora da UERJ na Feira da UFF, um grande momento que reuniu todos aqueles que procuram livros de teor acadêmico. As fotos foram cedidas por Ana Paula Campos, da Seção de Comunicação e Eventos, da EdUFF.




Alexandra Toste, do Departamento Comercial da EdUERJ.



quarta-feira, 15 de abril de 2015

EdUERJ tem novo Conselho Editorial

Na sexta-feira, 10 de abril, tomou posse o novo Conselho Editorial da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(EdUERJ). O novo Conselho tem mandato de dois anos e é formado pelos professores Italo Moriconi (como presidente), Erick Felinto (FCS), Glaucio Marafon (IGEO), Jane Russo (IMS), Maria Aparecida Ferreira de Andrade Salgueiro(ILE) e, como membro externo, o jornalista Bernardo Esteves. Permanecem, agora na condição de membros honorários, os professores e ex-diretores da EdUERJ, Ivo Barbieri (ILE) e Lúcia Bastos (IFCH).


A reunião trouxe à tona questões relacionadas ao último ano da atual gestão, e também reflexões acerca da realidade do livro impresso e do futuro da publicação digital. Novas parcerias para a EdUERJ e formas de manutenção de sua produção editorial foram debatidas pelos novos integrantes.  Destacou-se também o debate sobre as possibilidades do selo EdUERJ Digital, iniciativa cujo primeiro lançamento será o livro PneumoUERJ (tomo 1), organizado pelos professores Cláudia Henrique da Costa, Agnaldo José Lopes, Domenico Capone, Eduardo Haruo Saito, Mônica de Cássia Firmida e Rogério Rufino.  O livro terá download gratuito no site da EdUERJ e está previsto para ser disponibilizado em abril.

Na mesa: Glaucio Marafon, Lúcia Bastos, Jane Russo, Erick Felinto e Italo Moriconi











Postado por R.Zentgraf. Fotos: Divulgação

segunda-feira, 13 de abril de 2015

EdUERJ comemora 20 anos olhando para o futuro

Instituída por resolução do Conselho Universitário, a Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ) comemora seus 20 anos de criação com um olhar para as novas tecnologias de comunicação.

Criada para atender as demandas editoriais da instituição, a editora teve em 2014 uma obra indicada ao Prêmio Jabuti pelo quarto ano consecutivo. Com um catálogo que supera 330 títulos e algumas premiações, a Editora agora se prepara para ingressar no mundo digital, com o selo EdUERJ Digital. 

À frente da EdUERJ há sete anos está o professor do Instituto de Letras, Ítalo Moriconi, graduado em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, mestre e doutor em Letras pela PUC-Rio e pós-doutorado em Comunicação pela UFRJ.

Nesta entrevista, para o Informe UERJ, ele fala sobre a trajetória da EdUERJ, aponta desafios da sua gestão e comenta o futuro da produção editorial.


Por Carmem Prata
Jornalista, pesquisadora de tecnologias de comunicação, cultura letrada e cibercultura
@carmem_prata



Entrevista com o professor Glaucio José Marafon


"Parceria entre a Uerj e a Universidade Tor Vergata"
Nesta terça, 14 de abril, a Editora da Uerj lança o livro “Turismo e território no Brasil e na Itália: novas perspectivas, novos desafios”, organizado por Gláucio José Marafon, Marcelo Antonio Sotratti e Marina Faccioli.

Entrevistamos o professor Gláucio José Marafon, coordenador de Geografia da UERJ, e organizador do livro.

Blog: Professor, de onde veio a ideia de fazer essa conexão entre Itália e Brasil?


Prof. Glaucio: O convênio entre Brasil e Itália, a Universidade Tor Vergata (Roma 2) foi incentivado pelo Magnifico Reitor da UERJ, professor Ricardo Vieiralves. Uma missão de trabalho foi realizada em 2010, e a partir desse momento tem sido frequente a vinda de professores da Universidade Italiana para ministrar curso no programa de pós-graduação em Geografia e no de graduação em turismo. Atualmente temos dois alunos de doutorado em regime de co-tutela em Roma, e a participação de uma professora da Tor Vergata na proposta de mestrado acadêmico em turismo.

Blog: Por que dividiram o livro em duas línguas distintas? 

Prof. Glaucio: Como o livro é fruto de uma parceria entre os docentes das universidades optamos por não traduzir e manter os textos nas línguas originais, com o intuito de incentivar os nossos alunos a aprimorarem o aprendizado das línguas.

Blog: Como foi a cooperação entre o Instituto de Geografia da UERJ e a Universidade Tor Vergata?

Prof. Glaucio: A cooperação tem sido proveitosa sobretudo no processo de internacionalização do programa de pós-graduação em Geografia, com o recebimento de professores da Tor Vergata, a ida de professores da UERJ e o acordo de co-tutela. Atualmente temos dois alunos de doutorado em Roma nesse regime.

Blog: Ainda faltam aproximações para se conhecer e entender conexões entre culturas distintas, como por exemplo a cultura ítalo-descendente. Quais seriam as ferramentas necessárias para que se ocorra uma maior aproximação entre sociedades tão diferentes?

Prof. Glaucio: Estamos trabalhando para uma maior aproximação sobretudo com o curso de turismo, com a possibilidade do mestrado em turismo, onde essa parceria pode render boas possibilidades de trabalho.



Blog: Muito obrigada pela entrevista e atenção.


O lançamento de "Turismo e território no Brasil e na Itália" será na terça, 14 de abril, às 18h30 no Instituto Italiano de Cultura, localizado na Avenida Presidente Antônio Carlos, 40, 4º andar – Centro do Rio de Janeiro.


Por Christiane Lagun, aluna de Relações Públicas da UERJ

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Nos links abaixo, mais informações sobre o livro "Turismo e território no Brasil e na Itália: novas perspectivas, novos desafios".


http://www.eduerj.blogspot.com.br/2015/03/turismo-e-territorio-vida-cultural.html


(por Carmem Prata)


http://www.eduerj.blogspot.com.br/2015/04/lancamento-turismo-e-territorio-no.html


(por Christiane Lagun)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Lançamento: Turismo e território no Brasil e na Itália


No dia 14 de abril de 2015, a EdUERJ lança o livro “Turismo e território no Brasil e na Itália: novas perspectivas, novos desafios”, organizado por Gláucio José Marafon, Marcelo Antonio Sotratti e Marina Faccioli. O lançamento começa às 18:30 no Instituto Italiano de Cultura, localizado na Avenida Presidente Antônio Carlos, 40, 4º andar – Centro do Rio de Janeiro.

O livro escrito por cinco pesquisadores brasileiros e cinco italianos, apresenta uma ligação entre as nacionalidades italiana e brasileira no que diz respeito ao turismo cultural. A obra, bilíngue, é fruto de uma cooperação entre Instituto de Geografia da UERJ e da Universidade Tor Vergata. O objetivo central é levar aos olhos do leitor a conexão entre turismo e território, mostrando-a em perspectivas diversas, como a cultural, a política, a econômica, entre outras.

O estudo é dividido em duas partes, sendo a primeira sobre os novos olhares do turismo no território brasileiro e a segunda sobre turismo e o desenvolvimento do território italiano. Temas como aproximação e contrastes entre turismo e patrimônio cultural; a busca por um conceito de turismo solidário e a discussão de uma política de saúde para o viajante no Brasil são alguns dos assuntos abordados pelos pesquisadores de língua portuguesa. Já a parte escrita em italiano explora temas como questões territoriais do turismo em Roma e seus recursos arqueológicos; e os desafios do desenvolvimento turístico frente à necessidade de sustentabilidade econômica, social e ambiental. Desse modo, ambas as partes têm como função mostrar semelhanças e divergências entre os dois países, estabelecendo sempre uma ponte entre as duas realidades.



 Por Christiane Lagun 
Estudante de Relações Públicas (UERJ)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Valorizando os autores clássicos

Hoje ouvimos recorrentemente que a linguagem de autores clássicos como Machado de Assis, se confrontada com as frases curtas e pensamento fragmentado da internet, demonstra-se de difícil compreensão para um estudante. Então não resisto a formular uma questão: por que há poucas décadas os estudantes se debruçavam sobre os grandes romances brasileiros e hoje os docentes ficam apreensivos com a resposta dos alunos a esse tipo de tarefa? 
Será que diante das mudanças que acompanharam o mundo via internet, não há mais a possibilidade de um professor incutir em seu o aluno o apreço por uma literatura de qualidade?

Infelizmente aqueles que hoje se iniciam como leitores nem sempre encontram um dedicado professor que saiba indicar uma leitura apropriada de muitos dos principais escritores brasileiros.
É possível que falte tempo e paciência para que os clássicos sejam apresentados de forma gradual ao estudante. Um caminho seria começar por textos que mantenham a qualidade, e, ao mesmo tempo, ofereçam uma linguagem mais acessível, de forma a propor uma leitura conjunta de alunos e professores na sala de aula.


Esta é a proposta de “Machado para jovens leitores”, que traz escritos selecionados pelos professores Ana Chiara, Antonio Carlos Secchin, Denise Brasil e Ivo Barbieri. O conteúdo reúne poemas, contos, crônicas e trechos de romances. Inclui um capítulo com a descrição feita por Machado para alguns de seus célebres personagens como Dona Plácida, de Memórias póstumas de Brás Cubas, ou José Dias, de Dom Casmurro. Em destaque, vale a pena conferir “A um bruxo, com amor”, poema concebido pelo mestre Carlos Drummond de Andrade, no qual cita vários tipos machadianos.

Na mesma linha está “Euclides para jovens leitores”, organizado pelos professores Ivo Barbieri, Maria Aparecida Andrade Salgueiro e Nelson Rodrigues Filho. A publicação compila textos do autor de “Os sertões”. Reúne não só trechos do seu romance mais conhecido, mas também ensaios jornalísticos e políticos, além de cartas que permitem perceber mais da personalidade do escritor.


Machado de Assis e Euclides da Cunha podem ser reescritos, adaptados ou copiados. No entanto, alcançaram o respeito justamente pela qualidade da obra. E como essas criações não podem ser melhoradas, por que não ler os originais?

por R.Zentgraf




quarta-feira, 1 de abril de 2015

Dau Bastos aposta no convívio entre o digital e o impresso

Dau Bastos: "o importante é ter acesso ao texto"

O Blog da Editora da Uerj entrevistou o escritor e professor de literatura brasileira da UFRJ, Dau Bastos. Ele contou mais sobre o recente lançamento da EdUERJ, "V Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea", do qual é um dos organizadores. 

Blog: Oi, professor. Que paralelo você traçaria entre o Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea realizado em 2014 e o dos anos anteriores?

Dau Bastos: A quinta edição do encontro não apresentou grandes mudanças em relação às anteriores, mas comprovou a pertinência de cultivarmos amplamente a conversa num evento dedicado a obras de autores em atividade e frequentado majoritariamente por estudantes. Recebemos mais de duzentos pesquisadores de diferentes estados da Federação, entre alunos de graduação, mestrado e doutorado. Como as mesas-redondas se fazem de entrevistas públicas seguidas de debates e as tardes são reservadas a comunicações, a animação foi especialmente grande. Outro motivo de alegria foi a qualidade dos textos recebidos posteriormente, com vistas à publicação em nossa revista (www.forumdeliteratura.com) e no livro resultante do evento. Lê-los é perceber que o gênero ensaio tem sido praticado com crescente desenvoltura e a reflexão sobre o que se anda produzindo em prosa e verso no país vem amadurecendo bastante.

Blog: Quais as contribuições mais relevantes do livro “V Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea – Ensaios e Entrevistas” para quem atua na área de Letras?

Dau Bastos: Um dos aspectos importantes da coletânea é que cada um de seus treze ensaios privilegia uma obra específica, o que, por si só, já chama a atenção para a grande variedade de nossa atualidade literária. Igualmente interessante é perceber que os textos partilham algumas constantes fundamentais do escrito expositivo, mas se singularizam pela abordagem e a forma desenvolvidas pelos seus respectivos autores. Quanto às entrevistas, dão mostra da riqueza dos diálogos que o campus pode travar com a cidade, no ano passado representada por duplas de poetas, ficcionistas, tradutores e editores. Assim, reunimos dados e ideias sobre a produção, a difusão e a recepção da literatura nacional de nossos dias. Com questões elaboradas e um trabalho de edição cuidadoso, tentamos levar as quatro entrevistas literárias do volume ao máximo do rendimento analítico e, assim, contribuir para o fomento do gênero no âmbito dos cursos de Letras.

Blog: Na apresentação da entrevista que fez com os editores Carlos Andreazza e Flávia Iriarte, você menciona que eles defendem o aumento do número de leitores como solução para o barateamento dos livros. Concorda com essa opinião?

Dau Bastos: Sim, na medida em que grandes públicos demandam tiragens elevadas, que, por sua vez, barateiam o custo de cada exemplar. Se nossa vasta população lesse mais, as editoras teriam condições de baixar o preço do livro e, ainda assim, permanecer no azul. Mas essa matemática simples foi mero ponto de partida para um raciocínio mediante o qual os dois editores enfatizaram a necessidade de o país finalmente virar a página vergonhosa dos diferentes analfabetismos e tornar-se uma pátria capaz de universalizar a capacidade de leitura de textos mais complexos, como, por exemplo, a literatura de qualidade. Em síntese, a discussão sobre o preço do livro no Brasil só ganha alguma luz se nos dispomos a dilatar o foco para encarar nosso crônico problema educacional.

Blog: A publicação também aborda a questão do livro digital. Você acredita que, em um futuro próximo, os brasileiros consumirão mais livros através de aparelhos eletrônicos?

Dau Bastos: Como cresci nos confins de Alagoas, tive no livro impresso um tapete voador tão importante que logo cedo fui trabalhar no mercado editorial, do qual só comecei a me afastar no momento em que passei a pagar minhas contas como professor universitário. Como muita gente, gosto de curtir o livro também em sua materialidade. No entanto, faz tempo que recorro cotidianamente a pdfs disponibilizados na internet e há alguns anos venho usando o Kindle como fonte gratuita (ou quase) de livros cuja edição impressa é cara ou de alcance complicado. Em ambos os casos, percebo que os escritos não perdem nada de seu valor apenas porque se acham digitalizados. De modo que, ao ver um percentual cada vez maior de meus alunos recorrendo a seus aparelhinhos para consultar material que lhes envio por e-mail, penso que o impresso é uma maravilha, mas a própria dureza nos ensina que o importante é ter acesso ao texto. Daí minha crença de que aos poucos, nós, brasileiros, recorreremos mais à edição digital. Isso não me impede, porém, de partilhar a aposta, feita pelos editores que entrevistamos, de que os dois tipos de livro não entrarão em conflito e, na verdade, se fortalecerão mutuamente.

Blog: A quem você indicaria a leitura de “V Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea – Ensaios e Entrevistas”?


Dau Bastos: Ao pessoal de Letras, que encontrará no volume uma combinação feliz dos gêneros ensaio e entrevista literária, um panorama animador da produção literária atual em nosso país e uma série de provas de afinidade entre nosso currículo e as atividades editoriais. Focalizado pelos autores e editores, mas também pelas duas tradutoras entrevistadas, o mundo do livro foi objeto de discussões que certamente interessarão também aos estudantes e professores da área de Comunicação. Agora, como alguém que lançou seu primeiro romance três décadas atrás e há mais de vinte anos pesquisa a literatura brasileira contemporânea, eu indicaria o livro igualmente aos ficcionistas e poetas tropicais. Faço a sugestão pensando que, entre os contemporâneos verdadeiramente merecedores de aplauso, nota-se um conhecimento dos caminhos percorridos pela literatura que, adquirido no contato com textos de crítica, história e teoria da literatura, faz uma falta devastadora àqueles que se fecham na própria ignorância e se fiam exclusivamente na intuição.

Blog: Agradecemos a entrevista!

Entrevista conduzida por Thaís Araújo, estudante de jornalismo da Uerj e estagiária da EdUERJ.
Foto de Dau Bastos tirada por Elaine Nunes.