segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O que é uma paisagem?

Conheça um pouco desse livro, lançado no ano de 2014.

   O gosto do mundo: exercícios da paisagem, de Jean Marc-Besse, propõe-se a experimentações que não se restringem ao teor estético. A obra convida a ciência, a antropologia e outras disciplinas a repensar o conceito de paisagem com enfoque em nossas preocupações atuais como as questões urbanas e o meio ambiente. Com isto, o autor transcende o senso comum que vincula paisagem ao conceito de espaço a ser contemplado e oferece ao leitor uma viagem de implicações psicológicas e sociológicas.
 
As paisagens são ambientes, meios, atmosferas, antes de ser objetos a serem contemplados. Mas, em outra perspectiva, constituem o próprio ato de contemplar, tornando-se o acontecimento do encontro concreto entre o homem e o mundo que o cerca. Um encontro que soma também a vivência individual de cada um e propõe que a mesma imagem pode produzir duas diferentes paisagens, se vista por diferentes observadores.
 
Neste aspecto de teor subjetivo, Jean Marc- Besse ressalta que as primeiras perguntas que devem ser feitas não são as de caráter estético, mas sim sobre quais as possibilidades de viver ou ser livre que uma paisagem oferece ao homem. Qual a possibilidade que oferece de estabelecer relações sensatas com outros seres ou com o próprio ambiente?
 

 O lançamento da Editora da Uerj, traduzido por Annie Cambe, abre a trilha para pensar sobre esta experiência. Uma experiência que remete para o ser humano, à certa maneira de estar no mundo e ser atravessado por ele.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Coquetel de 20 anos da EdUERJ

Essa é a centésima postagem desde que criamos o blog da Editora da UERJ! 


O intuito deste blog sempre foi compartilhar informações sobre os livros recém-publicados e sobre os eventos relacionados à Editora como lançamentos dos livros. Com a postagem 100, não será diferente. Abaixo, algumas fotos do coquetel, que ocorreu no dia quatro de dezembro em celebração ao 20º aniversário da EdUERJ.


Lançamentos da Editora da UERJ


Clarisse Fukelman, organizadora do livro Eu assino Embaixo: biografia, memória e cultura, é entrevistada.

Funcionários e convidados presentes no evento.

O professor e atual editor executivo da EdUERJ, Ítalo Moriconi, dá início aos depoimentos. 
Ivo Barbieri, professor e ex-diretor da editora, ao lado do professor Ítalo Moriconi. 
Lúcia Bastos que também foi editora executiva da EdUERJ conta um pouco de suas vivências no cargo.
Nos primeiros anos da editora, Francisco Inácio Bastos foi revisor.
Ao microfone, Dau Bastos que foi responsável pela revisão e copyright.
Durante a cerimônia, os aniversariantes do fim de novembro e início de dezembro receberam uma homenagem.


Fotos: Thiago Braz
Postagem: Thaís Araújo

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ex-diretores falam dos 20 anos da Editora da Uerj

   A Editora da Uerj está completando duas décadas. O catálogo extenso e os lançamentos que se seguem a cada ano, contemplando diversas áreas do conhecimento, não deixam dúvidas sobre o sucesso da iniciativa. O Logotipo, a coruja, hoje é garantia de uma publicação de qualidade.

   Mas, embora o presente da editora seja radiante, seus primeiros anos foram marcados por dificuldades e pela falta de recursos como conta o professor e ex-reitor, Ivo Barbieri, que participou da fundação em 1994.

“Tínhamos um grande conselho editorial e na época, Ênio Silveira era o editor. Começamos nos alocando no departamento de cultura da UERJ que fica próximo a sub-reitoria de extensão. Nesse início, fomos devagar, com poucos recursos, saíram nossas primeiras edições e aos poucos fomos crescendo, ampliando, até que passamos a ocupar o espaço onde a editora se encontra até hoje (anexo ao acesso pelo portão 3). A partir daí, ampliou-se o número de publicações e de recursos”, pontua Barbieri, que foi diretor da EdUERJ por 10 anos.

    Com a saída dele no início de 2004, a professora Lúcia Bastos assumiu a direção. Entre os fatos mais marcantes que vivenciou na editora estão a comemoração dos 10 anos de existência, quando o catálogo já tinha um pouco mais de 200 livros e a criação da coleção de livros “Comenius” que se destinava à utilização nas salas de aula da graduação e da pós-graduação, tanto stricto quanto lato sensu. “Era um material para pensar, sendo, fundamentalmente constituído, por obras para educação. Eram livros que tinham uma apresentação bem cuidada e de qualidade, mas que apresentavam simplicidade em um projeto gráfico não oneroso a fim de possibilitar o acesso ao livro a todos os alunos. Especialmente, naquele momento, em virtude da realidade social que era vivenciada pela UERJ com o programa de inclusão de alunos por meio de cotas, aspecto em que a UERJ foi pioneira”, diz a professora, orgulhosa.  

   Quando perguntada sobre o que ela espera para o futuro da EdUERJ, Lúcia é otimista: “Espero que ela continue se expandindo e se aprimorando, produzindo obras de excelente qualidade, como continua acontecendo nos últimos anos, louvando-se a gestão do Prof. Italo. A função de ensinar não se esgota na sala de aula. E é sob esse aspecto que uma editora universitária pode e deve ter também um papel relevante não só estimulando a produção intelectual de docentes, pesquisadores e estudantes, mas também servindo de elo de ligação entre os centros geradores de saber e viabilizando a circulação de ideias novas e criativas”. Já o professor Ivo Barbieri não fala do futuro, mas se mostra muito satisfeito com a situação atual. “A Editora já está mais do que consolidada. É referência em catálogos e seu nível é muito superior ao tempo em que estive à frente. Foi uma grande transformação, cresceu muito”, declara em tom confiante. 

Thaís Araújo

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poesia em debate na Fundação Casa de Rui Barbosa


Segue a programação de um interessante seminário sobre poesia. Vale ressaltar a participação de diversos autores que integram a Coleção Ciranda da Poesia, aqui da EdUERJ.  Um dos destaques inclusive é a presença de Natalie Quintane, poeta francesa que foi resenhada por Paula Glenadel em um dos títulos da Ciranda, ambas vão estar presentes. No dia 27, à tarde, o debate Práticas Artisticas e Práxis Social conta com a presença do editor executivo da EdUERJ, prof. Italo Moriconi, como mediador. A programação é bem variada, é até difícil destacar um ponto específico.




Seminário Poesia & Ação


26, 27 e 28 de novembro de 2014.

Sala de Cursos da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Centro de Pesquisa FCRB/Institut Français/ Consulado-Geral da França no Rio de Janeiro/OCA-Lage/Festival Multiplicidade.


A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), em parceria com o Consulado-Geral da França no Rio de Janeiro, com o Institut Français e com a Oca-Lage e o Festival Multiplicidade, realizará, de 26 a 28 de novembro, em sua sala de cursos, o seminário “Poesia e Ação”. O evento, com entrada franca, tem como foco o grupo Questions Théoriques.  Coordenado por Carlito Azevedo, Flora Süssekind e Marion Naccache, o encontro se debruçará sobre o trabalho desse que é um dos grupos de escritores e intelectuais de atuação mais relevante na França nos últimos anos e reunirá, pela primeira vez no Brasil, os poetas e estudiosos Franck Leibovici (poeta, artista), Christophe Hanna (poeta, editor, pesquisador), Olivier Quintyn (poeta, editor, pesquisador), Anne-Laure Blusseau (editora), Stephane Berard (poeta, artista), Nathalie Quintane (poeta), Marc Audi (pesquisador) e David Burty (pesquisador).

Tomando por base a (auto) conceituação do grupo enquanto “agência informal de amigos oriundos de diversas disciplinas” (filosofia política, estética, sociologia, critica literária) atuando no sentido de “pensar e agir de maneira a transformar os mecanismos cognitivos habituais (interpretação, compreensão), os processos críticos de subjetivação, a maneira pela qual se podem conceber formas de emancipação”, o seminário vai procurar focalizar não apenas a produção poética do grupo, mas, também, a sua maneira de operar com diversos suportes e formas de difusão cultural, as suas práticas editoriais, o modo como se confrontam, no trabalho de todos eles, campos diversos de conhecimento e modos artísticos distintos.

A cada dia, orientarão as discussões tópicos distintos: “O que se entende por poesia quando se fala de poesia”, a relação entre “práxis social e práticas artísticas” e formas de atuação e estratégias editoriais no contexto contemporâneo. 



26 de novembro :


- De que falamos quando falamos de poesia ?


Manhã:

9h30 : Abertura

10h : Apresentação geral do seminário : Guillaume Pierre, Flora Süssekind, Carlito Azevedo, Marion Naccache.

10h15 : « Socioescrituras » - Conferência de Christophe Hanna.

11h15 : "Poesia e Ação : por uma poesia intervencionista » - Conferência de Olivier Quintyn.



Tarde: Respostas à questão « De que falamos quando falamos de poesia ? ».

14hs - Mesa 1 :

Marilia Garcia, Franklin Dassie, Milton Machado, Eduardo Sterzi e Nathalie Quintane.


15h30 – Mesa 2 :

Ernesto Neto, Paula Glenadel, Carlito Azevedo et Franck Leibovici.



27 de novembro:


- A questão da ação



Manhã :


9h30 : Apresentação geral dos trabalhos do dia.

10h00 : « Notícias da Aura » -  conferência de Jean-Pierre Cometti.

11h00 : « As praticas de escritura que não dizem seu nome» - conferência de Franck Leibovici.


Tarde :


14hs: Práticas Artisticas e Práxis Social

Luiz Camillo Osório (Artes Visuais), Bárbara Szaniecki (Estética das ruas), Luiz Eduardo Soares (Estética e Política), Marc Audi (Sobre Joan Brossa), Marion Naccache (Sobre Bernard Heidsieck).

Mediação : Italo Moriconi.


 16hs: Arte como Experiência

- Veronica Stigger (Delirio de Damasco), Joana Cesar (« Pintura de Rua »), Fernando Codeço (« Vênus nos Espelhos »), Rafael Borges do Amaral (« A música e a invasão de Pinheirinho ») Stéphane Berard (« Relato de algumas experiências »).


28 de novembro:


-Estratégias Editoriais


10hs às 12h30: Sobre o « Questions Théoriques ».


- Olivier Quintyn, Christophe Hanna, Anne-Laure Blusseau, Franck Leibovici, Jean-Pierre Cometti, Stéphane Bérard, David Burty (via skype).


Tarde:


14hs: Independentes e Artesanais


- Manoel Ricardo dos Santos (Sobre a Noa-Noa e outras experiências editoriais independentes), Jorge Viveiros e Isadora Travassos (7 letras), Ana Dantes, Marcelo Reis de Mello (Cozinha Experimental), Luiza Leite e Tatiana Podlubny (Fada Inflada).

Mediação : Célia Pedrosa.


16hs: Performances e leituras dos participantes.


Noite: « mini-ópera para não músicos », de franck leibovici.

21hs no Parque Lage (OCA), Festival Multiplicidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

EdUERJ, o Jabuti e a nanotecnologia

Na terça-feira 18 de novembro, a Editora da Uerj foi agraciada pela primeira vez com o Prêmio Jabuti. Nosso livro  “Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanotecnologia no Brasil”, de Jorge Luiz dos Santos Júnior, conquistou o 3 º lugar na categoria Ciências Exatas, Tecnologia e Informática. Neste caso, de acordo com o regulamento atual, o autor e a editora responsável pelos livros têm direito a receber um Jabuti. 

Representando a Editora, Mauro Siqueira, assistente de produção, recebeu a estatueta no Auditório Ibirapuera. As fotos desta postagem foram tiradas por ele.
Na terça-feira 18 de novembro, a Editora da Uerj foi agraciada pela primeira vez com o Prêmio Jabuti. Nosso livro  “Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanotecnologia no Brasil”, de Jorge Luiz dos Santos Júnior, conquistou o 3 º lugar na categoria Ciências Exatas, Tecnologia e Informática. Neste caso, de acordo com o regulamento atual, o autor e a editora responsável pelos livros têm direito a receber um Jabuti.

Representando a Editora, Mauro Siqueira, assistente de produção, recebeu a estatueta no Auditório Ibirapuera. As fotos desta postagem foram tiradas por ele.
 Aqui no Blog, há uma entrevista com o autor

Jorge Luiz dos Santos. Acho que é uma boa

pedida para que fique mais clara a importância

do seu livro. É um livro sobre ciência e política.

A nanotecnologia pode significar um progresso,

mas também pode ser também uma tecnologia

extremamente perigosa se mal utilizada.





Este é o almejado Prêmio Jabuti!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Biografias em debate na Uerj

   A questão das biografias não autorizadas tem sido uma discussão muito presente no ano de 2014. Com a tramitação no Senado da lei que regulamenta o gênero, novas polêmicas têm surgido em torno do assunto. Inserido nessa temática, dos dias 16 a 19 de novembro ocorre o VI Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica na UERJ (Campus Maracanã). Um dos destaques da programação cultural do congresso é o Café Biográfico, um espaço de conversa no qual pesquisadores e especialistas dialogam com biógrafos a fim de conectar a universidade com o público extra-acadêmico.

   O Café, que tem o professor Italo Moriconi como curador, será realizado apenas nos dias 18 e 19 no Teatro Odylo Costa Filho às 14h. No primeiro dia, a discussão tem como tema a relação de tensão entre o direito a biografar e o direito à privacidade de cidadãos comuns e celebridades. Paulo Cesar de Araújo, biógrafo de Roberto Carlos, debate com duas autoras de livros recém-lançados pela Editora da UERJ: Clarisse Fukelman, organizadora de Eu assino embaixo: biografia, memória e cultura, e Patricia Coralis, autora de A vida na voz: mídia, idolatria e consumo de biografias.

    No dia seguinte, 19, o editor-executivo da EdUERJ, Italo Moriconi, conversa com Jorge Ferreira, Angela de Castro Gomes e Cláudio Aguiar, autores de biografias de personagens do período marcado pela ditadura militar.



terça-feira, 11 de novembro de 2014

Entrevista com professor Gustavo Lins Ribeiro

Ph.D em antropologia pela City University of New York e professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, Gustavo Lins Ribeiro já teve livros publicados em diversos países, como Brasil, Argentina, México, China, Inglaterra e outros. Autor de “Outras globalizações: cosmopolíticas pós-imperialistas”, recém-lançado pela EdUERJ, Gustavo Lins Ribeiro conversou com o nosso blog sobre os assuntos de seu novo livro.


Blog: O livro aborda processos e agentes políticos e econômicos alternativos à globalização vigente, em diversas frentes como a política, economia e cultura. Até que ponto esses processos conseguem se tornar relevantes diante da hegemonia tão contundente do capital transnacional?

Prof. Gustavo: O que eu chamo de globalização popular e de sistema mundial não-hegemônico movimenta, por baixo, muitas centenas de bilhões de dólares anualmente e é alvo de uma sofisticada repressão por parte dos establishments globais e nacionais. Além disso, o controle da propriedade intelectual está no coração da reprodução de atividades fundamentais do capitalismo eletrônico-informático, daí o papel subversivo da chamada pirataria. Já as outras globalizações políticas permitem a articulação de vários movimentos de indignados com a globalização hegemônica, mantendo viva a noção de que outro mundo é possível. No final, é também uma luta por outras utopias. Ambas formas, outras globalizações políticas e econômicas, implicam a criação de redes transnacionais que dão trabalho à hegemonia do capital transnacional o qual, sem elas, reinaria absoluto.


 Blog: Em um certo sentido, podemos compreender a cosmopolítica como uma visão ampla – em escala planetária - que se caracterizaria com uma atitude positiva diante da diferença, de integração e convivência. Mas até que ponto a cosmopolítica consegue perceber as culturas que fogem completamente aos ditames do mundo ocidental?

Prof. Gustavo: A minha noção de cosmopolítica é mais antropológica do que filosófica. Eu suponho que todos os povos do mundo sempre tiveram que fazer sentido de onde estão e, sobretudo, do porquê existem outros diferentes deles. Por isso, cosmopolítica não se restringe apenas aos discursos que o Ocidente (essa mega e problemática entidade) formulou sobre os outros. Mas é verdade que a noção de cosmopolítica se beneficia das ressonâncias positivas da ideologia ocidental do cosmopolitismo, pois implica a tentativa de construção de solidariedades com outros diferentes, reconhecendo uma humanidade comum. Porém, suponho que a cosmopolítica exista, enquanto necessidade de compreensão da alteridade radical, em todos os povos. Por isso, acabo encampando a diferenciação entre conhecimento antropológico e antropologia. Para mim, o desejo pelo conhecimento antropológico, ou pelo saber sobre a alteridade, é universal, já a antropologia não.  A antropologia é uma cosmopolítica ocidental.



Blog: Seria correto pensar que o processo hegemônico globalizante se beneficia do enfraquecimento de utopias como a socialista?

Prof. Gustavo: Acho que sim, apesar de que as proposições socialistas fazem parte do amplo espectro de sujeitos das outras globalizações políticas. O que acontece é que o “socialismo realmente existente” deixou exemplos históricos problemáticos, sendo dois dos maiores deles a sua dificuldade de lidar com a questão da liberdade e o seu centralismo exacerbado que facilmente descamba para o personalismo. O problema contemporâneo é de como articular forças transnacionais capazes de se oporem ao tremendo poder do capitalismo transnacional e seus aliados internamente aos Estados nacionais. Outro problema é a fragmentação das lutas políticas que se deve em boa medida ao fracasso das ideologias e utopias do século XIX de construção de grandes sujeitos transformadores como o proletariado, por exemplo. Hoje, o sucesso da política identitária implica avanços importantes, mas, no mais das vezes, localizados e comportamentais. Em geral, com as possíveis exceção das lutas de gênero contra o patriarcalismo e das lutas anti-racistas contra a supremacia branca, as políticas identitárias não atacam os pilares da produção e reprodução das macro estruturas de desigualdade. Nesse sentido, para usar um vocabulário do século XIX, não são revolucionárias. Mas acho também ser possível um aggiornamento das ideologias socialistas.

Blog: E, por último, professor, como você vê a utilização de tecnologias ou redes sociais, como o Facebook, por movimentos que se postulam como anti-establishment ?

Prof. Gustavo: É uma utilização contraditória, como seria de se esperar de todo uso de meio de comunicação controlado por grandes corporações, nesse caso transnacionais e oligopólicas, e pelo Estado. Por um lado, favorecem a mobilização de movimentos massivos como vimos na Primavera Árabe, em Occupy Wall Street ou nas Jornadas de Junho, no Brasil, em 2013. Por outro, são o mais perfeito instrumento de controle do Estado e das corporações pois além de nos localizarem perfeitamente no espaço, também nos escrutinam intensamente do ponto de vista político e comportamental. Hoje o muro do facebook de uma pessoa é uma espécie de atestado político-ideológico. Mas, como eu disse, é contraditório. Isso quer dizer que as tecnologias de comunicação, entre elas as redes sociais, têm que ser usadas sabendo que também podem ser uma faca de dois gumes. Não à toa o Assange e o Snowden são os principais fugitivos políticos do mundo e os fundadores do Pirate Bay são perseguidos. Há uma guerra pelo controle do ciberespaço cujo resultado terá enorme impacto para as formas de democracia e participação cidadã no futuro.

Blog: Professor, o blog da EdUERJ agradece pela entrevista! 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Editora da Uerj lança novo livro sobre globalizações alternativas

   No dia 13 de novembro, a nossa editora lança “Outras globalizações: cosmopolíticas pós-imperialistas”, do professor Gustavo Lins Ribeiro. O evento será realizado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Rua da Matriz 82, Botafogo, Rio de Janeiro) às 19h. Na ocasião, haverá uma mesa-redonda com o tema "A globalização como questão multidisciplinar: estado da arte". Além do autor do livro, Gustavo Lins Ribeiro, participam do debate os professores João Feres e Carlos Milani, ambos do IESP-Uerj, e José Sérgio Leite Lopes, do Museu Nacional.

   Os ensaios do livro analisam os processos políticos e econômicos alternativos que se desenvolveram em escala mundial como forma de resistência à globalização promovida pelo capital financeiro e pelas corporações transnacionais. Sob uma perspectiva antropológica, o autor observa fenômenos como as manifestações de rua, de viés antiglobalização, e os Fóruns Sociais Mundiais, como cenários onde se reivindica uma globalização alternativa.

Abaixo, o convite:


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

EdUERJ lança ensaios sobre a questão da biografia

Segue abaixo texto escrito pela professora Clarisse Fukelman sobre o livro "Eu assino embaixo: biografia, memória e cultura". 


22 autores em textos inéditos discutem o fenômeno biografia, sob coordenação de Clarisse Fukelman 

Autores: Ana Chiara; Andrea França; Antonio Edmilson Rodrigues; Caitlin Mulholland; Celso Castro; Clarisse Fukelman; Cláudia Pereira; Daniela Beccaccia; Débora Morato; Eneida Maria de Souza; Eliane Moura; Jacques Leenhardt; Joel Birman; Jorge de Souza Araujo; Maria Helena Werneck; Oswaldo Munteal; Rachel Viné-Krupa; Roberto Corrêa dos Santos; Sergio Miceli; Thamis Viveiros de Castro; Vera Lúcia Follain de Figueiredo



As biografias que editoras lançam no mercado a cada semana sinalizam o paradoxo de nosso tempo. De um lado, a escavação das memórias em romances, filmes ou peças de teatro; de outro, autorrepresentações passageiras, não raro exibicionistas, em selfies veiculados em redes sociais; entre ambas, a pesquisa séria de anônimos e personalidades, que dão nova luz a fatos, épocas, processos de criação.

O fenômeno instiga: por que escrever e ler histórias de vida? O que motiva alguém a empreender a tarefa de ordenar fatos e interpretar acontecimentos que iluminem uma identidade, um contexto histórico, político, cultural? Que pactos de leitura são instituídos?

Já foi tempo em que o caráter moralizante era a marca da literatura biográfica. Hoje esse viés compete com o registro menos totalizador do real, novas formas de subjetivação e interesse puramente comercial de atrair o leitor domesticado pela cultura do espetáculo e movido pelo descortínio da intimidade. Há casos ainda do performático, em que se diluem fronteiras entre autor e personagem, indicando a crise da instância autobiográfica em primeira pessoa.

A complexidade do tema é a força motriz de Eu assino embaixo: biografia, memória e cultura. Psicanálise, comunicação, direito, história, teoria literária, antropologia, cinema, teologia, estudos culturais, fotografia investigam modos de escrita; campo intelectual; contexto midiático; imaginário e memória; confronto entre visão oficial e marginal; relação entre artes; registro factual e ficcional; micro, macro e autobiografia; monumentalização da história; transformação do discursivo em imagens; memória particular e coletiva; arquivo e escrita psíquica; fala disciplinar e libertária etc.

O livro é “meio filhote” de seminário no CCBB-Rio, com a chancela da UERJ e curadoria de Clarisse Fukelman. Meio, porque de lá para cá outras questões se impuseram e intelectuais franceses se uniram a brasileiros, em edição dividida em seis blocos que dialogam entre si.

O bloco Mutações da escrita biográfica propõe a análise da escrita biográfica brasileira como alternativa para estudos de história literária e cultural (Werneck); o interdisciplinar na crítica biográfica (Souza); modelo etnográfico para entender a sociabilidade entre jovens no meio virtual (Pereira); o estatuto biográfico na literatura e no cinema em contexto midiático (Figueiredo); a discussão jurídica sobre biografias não autorizadas (Mulholland e Dalsenter).

A parte Entre o individual e o coletivo estuda textos biográficos à luz de articulações sociais: produção pictórica e diário da artista plástica Frida Khalo (Rachel Viné); valores simbólicos de pinturas por encomenda (Miceli); contradições teóricas de Sartre no empreendimento biográfico sobre Flaubert (Leenhardt); e epistolografia de Clarice Lispector como fonte para entender o valor da amizade na construção da carreira literária (Fukelman).

Sujeito, corpo e memória considera as inscrições corpo e tempo nas obras: Nava, Gullar e Graciliano em situações-limite de prisão e velhice (Chiara); reflexão filosófica de Bergson sobre o ser, o tempo, subjetividade e memória (Morato); escrita reflexiva que rompe a dicotomia pensar e sentir, movida pelo gesto de dizer de si pelo poético (Santos); a psicanálise na escrita/ ficção, com destaque para o escrito clínico (Birman); confessional e afetivo em passado marcado pela ditadura através do documentário de Flavia Castro, Diário de uma busca (França)

Religiosidades-Hagiografias relaciona biografia e religião, campo de escassa bibliografia: Mística cidade de Deus, obra de moralismo literário, popular no Brasil Colônia, escrita por madre franciscana (Araújo); e memória coletiva de missionárias protestantes norte-americanas, relacionando gênero a projetos evangelizadores no Brasil (Moura da Silva).

Construções do eu, leituras da cidade apreende o biográfico na tensão cidadão e cidade: na Bela Época, andanças de João do Rio em território urbano colam retratos da cidade à própria biografia (Rodrigues); no século 21, o tema favela confronta o cinema atual e o dos anos 70, em termos de estratégias estéticas e políticas, modos de produção e pontos de vista (Versiani).

Entre o povo e o palácio: mitos da política brasileira reinterpreta a era Jango e versão oficial de sua morte (Munteal) e a “Proclamação da República” como evento instaurador de novo regime político (Castro).

EU ASSINO EMBAIXO: BIOGRAFIA, MEMÓRIA E CULTURA dá ao leitor caminhos originais para entender processos sociais, culturais e artísticos implicados nas biografias. A polêmica em 2013 sobre bibliografias não autorizadas, o impacto de experiências radicais, a investigação de trajetórias de políticos, ídolos e gente do povo; os depoimentos, entrevistas e criações que contam processos existenciais e experiências artísticas (cartas de escritores, documentários) fazem do espaço biográfico meio essencial para discutir e compreender o indivíduo, a arte, a sociedade, no entrelaçamento do passado, presente e futuro, conforme ensina Walter Benjamin.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

EdUERJ publica clássico de Ernst Mach


Outro lançamento da nossa EdUERJ! Segue o release deste livro de Ernst Mach.



A ciência deve se pautar pela liberdade. Assim pensava Ernst Mach, físico, filósofo e historiador da ciência austríaco cujo clássico História e raízes do princípio de conservação de energia ganha sua primeira edição em português. Trata-se de um marco na história da ciência, editado originalmente em 1872, que agora chega para o público brasileiro via Editora da Uerj, com tradução a cargo de Gabriel Dirma Leitão.

Mach pautava-se pela aversão aos valores metafísicos, priorizando um conhecimento baseado no empirismo. Em seus estudos, buscava uma reaproximação da filosofia com a ciência por meio da compreensão da origem e do desenvolvimento  das ideias científicas. Mach defendia que o conhecimento e sua transmissão existem para a promoção de sua liberdade, e não o inverso.




Este livro integra a coleção Clássicos da Ciência, e a sua introdução, escrita pelo professor Antonio Augusto Passos Videira, ajuda não só a compreender as propostas de Mach, mas sua trajetória como cientista.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

EdUERJ conquista o Prêmio Jabuti!

Segue uma notícia que alegrou bastante a equipe da Editora da Uerj!

O livro Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanociência e nanotecnologia no Brasil, de Jorge Luiz dos Santos Junior, ficou em terceiro lugar no 56 º lugar no Prêmio Jabuti, na categoria Ciências exatas, tecnologia e informática.

Por essa conquista, não só o autor do livro, mas a Editora da Uerj também receberá uma estatueta do Jabuti. A cerimônia de entrega do prêmio, depois de oito anos sendo realizada na Sala São Paulo, será no Auditório Ibirapuera, no dia 18 de novembro. Na ocasião, também serão revelados os vencedores do Livro do Ano-Ficção e Livro do Ano-não ficção.

Ah, mesmo antes desta escolha, nós publicamos uma entrevista aqui no blog com autor do livro, o professor Jorge Luiz dos Santos. Está fácil de achar, é só descer um pouco a barra de rolagem ou procurar o nome do professor nos marcadores à direita.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Livro da EdUERJ investiga novo conceito de paisagem

Trabalhar um novo conceito de paisagem que corresponde a novas experiências com o espaço urbano e a sociedade e a novas aspirações coletivas relativas ao meio ambiente. Esta é a proposta de O gosto do mundo – exercícios de paisagem, lançamento da EdUERJ, de Jean-Marc Besse, doutor em História, professor da Universidade de Paris I e da École Nationale Supérieure du Paysage de Versailles. Com tradução de Annie Cambe, a obra explora a experiência paisagística além do campo visual, dando lugar a um estudo que atualmente inclui também outros sentidos, como o paladar, sugerido pelo próprio título.

O livro, composto por cinco ensaios, propõe-se a discutir o conceito de paisagem, refletindo sobre o ponto de vista de diversos profissionais, como paisagistas, arquitetos, jardineiros, sociólogos, geógrafos, entre outros. Além disso, enfatiza as associações da paisagem com outros temas, como cartografia, ressaltando o interesse na área por alguns artistas da land art (arte conceitual) dos anos 1960, que usaram o mapa como ferramenta plástica e teórica dando à pintura e à escultura uma abrangência geográfica.

Ao final da publicação, o leitor encontrará anexo um caderno com oito imagens em papel Couchê Matte. O gosto do mundo é um livro de caráter multidisciplinar, destinado a leitores interessados em cultura, urbanismo e sociedade contemporânea.


Escrito por Thaís Araújo

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sobre o impacto do teste de paternidade com DNA

Um resultado de teste de DNA pode afetar profundamente a vida de uma pessoa. No caso de comprovação de paternidade, pode levar uma família a repensar verdades que antes pareciam incontestáveis. Pode surgir tanto como uma prova cabal de infidelidade quanto como um elemento para que os filhos reelaborem os sentimentos em relação aos novos (ou antigos) pais. Por essa possibilidade de trazer à tona uma verdade escondida, o teste de DNA pode ser temido ou desejado. O resultado pode ser o estopim que irá garantir uma pensão ao filho reconhecido, mas pode também simbolizar um elemento no qual o homem e a mulher devem pensar antes de uma relação íntima sem métodos contraceptivos.

A dúvida sobre a paternidade do filho que afligiu o protagonista de Dom Casmurro não existiria hoje. O personagem machadiano resolveria o problema com um teste de DNA.


Trata-se de um exame que mudou os livros, as novelas, a ficção. E interferiu até nas políticas públicas: em dezembro de 2001, o Congresso Brasileiro aprovou uma emenda à lei nº 10317, incluindo os serviços de DNA na justiça gratuita garantida pelo Estado. O resultado é  uma revolução comportamental que merecia um estudo adequado como o proposto por  “Parentesco, tecnologia e lei na era do DNA” (EdUERJ), de Claudia Fonseca. 

Claudia Fonseca e sua equipe acompanharam mais de 100 casos de investigação de paternidade em diferentes instâncias do sistema judiciário do Rio Grande do Sul. O livro é uma abordagem antropológica sobre um tema que mexe com a sociedade brasileira. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Estamos em Frankfurt!

A ABEU está na Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento do setor no mundo. Compõem o stand das universitárias a EdUERJ e também as editoras FGV, Fiocruz, UFPR, Unesp, Unicamp, EDISE, EDUEPB, EDUFBA e EDUFF, além da SciELO Livros. Abaixo uma cópia do flyer criado pela Heloísa Fortes.

O evento ocorre até o dia 12 deste mês e sua principal característica é a comercialização de direitos autorais. A ABEU está no Hall 5.1, stand E-84.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Reflexões sobre a idolatria

Judy Garland: vida atribulada
É muito interessante quando nos damos conta de que antigamente os artistas/cantores ou celebridades não tinham o suporte midiático que existe hoje, com o advento das redes sociais. Em nossa sociedade, todos os passos dos "seres midiáticos" são acompanhados. Pelos fãs ou pelas pistas deixadas pelos próprios artistas: "tuitadas", fotos no instagram, etc

Livro lançado pela EdUERJ
Nem sempre, contudo, foi assim. Alguns talentos do quilate do Tom Jobim não vivenciaram esta época, do "em tempo real". Por outro lado, estes artistas de outro período não deixam de estar presentes nas redes sociais. Não deixa de ser uma forma de mantê-los vivos, além de sua arte.

Judy Garland é um exemplo. Fenômeno em seu tempo, ela ainda conta com um séquito de seguidores em todos países do mundo. E, por não estar mais viva, sua vida pode ser recontada ao gosto do fã. São inúmeras biografias sobre a atriz. O seu mito é reforçado pelo fato de ela ter uma vida atribulada. Para os fãs, sua voz expunha na arte as dores da vida real.

Nesta aspecto, vale a pena conferir o trabalho de Patrícia Coralis em "A vida na voz - mídia, idolatria e consumo de biografias".A autora conversou com os fãs brasileiros de Garland, assim como analisou as biografias escritas sobre a atriz. Não só como trabalho de antropologia ou de abordagem de fenômenos da indústria cultural, é um livro com um olhar crítico sobre a idolatria, fenômeno intimamente conectado a impulsos consumistas. Muita gente não percebe isto.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

EdUERJ lança "A vida na voz"

No dia 7 de outubro, Patrícia Coralis lança, pela Editora da Uerj, A vida na voz – mídia, idolatria e consumo de biografias. A noite de autógrafos será às 18h30 na Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel, na Rua das Palmeiras 82, em Botafogo.

Entre as características que a plateia atribui ao seu artista favorito e a verdadeira natureza de um ídolo pode haver um abismo. Fã e ídolo, personagens de um jogo contaminado pelo mundo virtual, são objetos de estudo de A vida na voz – mídia, idolatria e consumo de biografias. Pesquisa na seara da antropologia da comunicação social, o livro enfoca como hoje os fãs brasileiros da atriz/cantora Judy Garland se relacionam e de que forma alimentam o mito que cerca a atriz americana.


A autora analisa três temas pouco explorados nas pesquisas em ciências sociais: os fãs, as biografias e as comunidades virtuais. Com isto, torna-se indicado para os estudiosos dos fenômenos inerentes à indústria cultural que desejam um debate que inclua o impacto das novas tecnologias de comunicação.


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Finalista ao Prêmio Jabuti: nanociência é um tema fundamental

Prof. Jorge Luiz do Santos Junior
A EdUERJ está mais uma vez entre os finalistas do Prêmio Jabuti. Dessa vez, concorrendo na categoria Ciências exatas, tecnologia e informática. O indicado foi "Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanociência e nanotecnologia no Brasil". Nosso blog conversou com o professor Jorge Luiz dos Santos Junior, autor do livro.

Professor, quais foram os motivos que o levaram a perceber a necessidade de discutir nanociência e nanotecnologia no Brasil?

Meu contato mais robusto com o tema foi no ano de 2007 na Cidade de Vitória-ES, na ocasião do IV Seminário Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente promovido pela Renanosoma (Rede de Pesquisa Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente), instituição Coordenada pelo Professor Paulo Roberto Martins, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo.
Os diferentes participantes, representando diversas áreas do conhecimento e da sociedade civil, ao exporem suas opiniões divergentes, e muitas vezes radicais, me fizeram perceber que eu estava diante de um tema que precisava, cada vez mais, de atenção dedicada, que buscasse entender os diversos discursos, os interesses em jogo, bem como o próprio potencial transformador e disruptivo das nanotecnologias.

É um tema latente no contexto atual do país?

Eu diria que se trata de um dos temas mais fundamentais da atualidade. Digo isso porque a nanociência e as nanotecnologias têm um potencial de penetração em várias áreas. A possibilidade de manipulação atômica para criar coisas “de baixo para cima” suscita entre os cientistas o anseio de fazer nanociência em diversos campos científicos (física, química e biologia) e aplicar as nanotecnologias nos mais variados setores (medicina, cosméticos, alimentos, novos materiais, energia, agricultura etc.).
Mas para além do potencial de aplicação, o qual chamo de “Redenção” no livro, existem também aquilo que caracterizo como “pesadelos”, relacionados a todas as incertezas e riscos associados à manipulação e aplicação desmedidas. Por isso, espera-se uma atuação responsável por parte do governo e das empresas, e um envolvimento (uma politização) social bastante amplo.

Você fez o mapeamento e a análise de editais de pesquisa de nanociência e nanotecnologia lançados pelo CNPq no período de 2000 a 2010. Como foi esse trabalho?

No livro eu estudo o ideal brasileiro de se fazer pesquisa a partir da formação de redes interdisciplinares e interinstitucionais, modelo presente na maior parte dos editais do CNPq para o setor de N&N. Assim, analisei cada um dos editais a fim de perceber que tipo de orientação estava presente, quais planos de desenvolvimento seguiam. No entanto, fui além dos editais e analisei as áreas de atuação de proponentes dos projetos aprovados, bem como suas redes relacionais. Fui atrás do currículo de todos os envolvidos no processo de fomento à pesquisa, que vai desde a criação da política, passando pela formatação de um edital e aprovação dos projetos, e chegando à validação dos resultados das pesquisas. Todo esse trabalho teve como objetivo perceber se a interdisciplinaridade e cooperação interinstitucional estavam realmente presentes na execução da política, ou seja, nos projetos fomentados. Os resultados dessa empreitada estão detalhados no Livro, em que usei como metodologia a Análise Estrutural de Redes Sociais, buscando entender o processo a partir de diversos olhares. Diria que as conclusões não são muito animadoras, mas que talvez ainda haja algo a ser feito.

Seu livro está concorrendo na categoria Ciências Exatas, Tecnologia e Informática. Você acredita que a obra é direcionada a estudantes e profissionais dessas áreas ou atende também a “leitores comuns” interessados nas tecnologias abordadas? 

Do meu ponto de vista a obra tem uma contribuição interessante para a área em que está concorrendo, principalmente por apresentar uma visão que é muito negligenciada nos atuais currículos acadêmicos, qual seja, a noção de que a Ciência não é única, tampouco neutra e seus resultados não são exatos. Além disso, busco enfatizar o olhar de que não existem “leigos” tampouco “peritos” no campo da ciência, e que o diálogo e a redução das “vaidades científicas” são fundamentais para um desenvolvimento científico, tecnológico e social mais harmonioso. Deste modo vejo que o livro pode ser lido por todos os interessados no tema “Ciência”, sem nenhuma necessidade de especialização científica. É uma obra que busca o diálogo.

Como você recebeu a indicação de seu livro ao prêmio Jabuti deste ano? 


Foi ótima surpresa, uma grande felicidade para mim e para todos ao meu redor, é um momento único de reconhecimento e legitimação do trabalho.  A escrita dessa obra foi uma das experiências mais profícuas em minha trajetória de vida. Foram alguns anos de trabalho e amadurecimento de ideias. Por isso, só tenho a agradecer a todas as pessoas que leram, discutiram e me motivaram durante o trabalho. Agradeço também a toda a equipe da Editora da UERJ e à Faperj por terem acreditado na obra. Estou sem palavras para expressar minha satisfação.

Agradecemos a entrevista ao nosso blog! 
(Pauta elaborada por Thaís Araújo, entrevista  diagramada por Ricardo Z.)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

De 22 a 26 de setembro: Uerj sem muros!

O Uerj sem Muros é um grande evento que todos os anos integra a universidade e a comunidade. É o período de maior efervescência, quando todos apresentam os seus projetos em todas as áreas do conhecimento. É a EdUERJ não está de fora!

Abaixo os nossos dois cartazes. Se quiserem ver em uma resolução melhor, eles estão postados em nossa página do Facebook: www.facebook.com/eduerj



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Toda a magnitude da Mata Atlântica



     Este aqui é um belíssimo registro fotográfico da diversidade da Mata Atlântica, acompanhado de textos objetivos, com nomes e informações sobre a fauna e a flora.

    A fotografia de Antonio Carlos de Freitas ressalta o esplendor de todos os componentes ambientais. O fotógrafo  - que também é físico - teve a sensibilidade (e as lentes) que nos permite alcançar uma magnitude só disponível aos que visitaram o local.

  Afinal, temos uma questão interessante. A dimensão artística da natureza:

(   ) - Está em nossos olhos (como alguém disse: "a beleza está nos olhos de quem vê"), 

(   ) - é fruto de uma câmera habilidosa ou 

(   ) - trata-se de uma elegância inerente aos seres vivos fotografados

(   ) - A soma de todas as respostas anteriores


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

As facetas culturais de um corpo

Compreender a dimensão simbólica e cultural do corpo, tendo o espaço urbano e contemporâneo como palco privilegiado. Esta é a proposta de O corpo representado – mídia, arte e produção de sentidos (EdUERJ), organizado por Denise da Costa Oliveira Siqueira. Em busca dos valores que a sociedade atribui à engrenagem física do ser humano, os ensaios nos levam a uma trilha composta por cinema, histórias em quadrinhos, videoclipes, revistas e dança contemporânea, entre outros.

Na primeira parte, “Corpo feminino e mídia”, são discutidas representações da mulher, predominantemente a jovem, nos formatos midiáticos, como videoclipes, cartões-postais de praias ou peças publicitárias. Na segunda, o enfoque é a dança contemporânea como expressão artística que permite ao corpo provocar reflexão e contestação, recorrendo mesmo ao grotesco para esses fins. O último segmento, “Corpo, representações e relações de poder”, observa os corpos superpoderosos dos heróis dos quadrinhos, mas também o corpo fragilizado por uma deficiência. Nessa parte, há ainda um capítulo sobre o marketing político dos candidatos provenientes da cultura funk.



Com este enfoque amplo, O corpo representado torna-se uma leitura indicada tanto para quem estuda o corpo e sua representação midiática quanto para os que procuram compreendê-lo como objeto da arte. Assim, pode interessar sobretudo aos pesquisadores de ciências sociais, artes e comunicação, mas também a quem deseja aprofundar o debate sobre a cultura nos dias de hoje.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Os valores do corpo

As mulheres que aparecem, sedutoras, em campanhas publicitárias, e os super-heróis dos quadrinhos com seus poderes inimagináveis...o que teriam estes personagens em comum? A resposta está no simbolismo que é atribuído às suas aparências, ícones da indústria cultural.
O corpo que aparece na televisão, no cinema, nos quadrinhos, tangenciando um ideal de perfeição, eventualmente estereotipados, nos fazendo sentir desconfortáveis em relação à nossa própria imagem. O corpo artístico em cena, na dança contemporânea, como objeto da arte.
Afinal, o que a mídia e a arte dizem a respeito de nossos corpos? E o que nossos corpos estão dizendo de nós mesmos quando escolhemos modifica-los?
O corphipertrofia. Com modificaçificaçira Siqueira. O lançamento da Editora da Uerjr sobre os valO corpo representado – mídia, arte e produção de sentidos, organizado por Denise da Costa Oliveira Siqueira, lançamento da EdUerj, é uma proposta de reflexão sobre o tema. E é sintomático que ao investigar a representação do corpo nas artes e na mídia, os ensaios falam principalmente dos valores da nossa cultura.

Em breve, vamos colocar o release deste livro por aqui, com mais detalhes sobre os capítulos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Um debate que une dois países (RELEASE OFICIAL)

         Atravessar fronteiras, contribuindo com o debate de ideias e a criação de alternativas para os problemas cruciais da área educacional. Esta é a proposta de “Diálogos curriculares entre Brasil e México”, lançamento da EdUERJ, organizado pelas professoras Alice Casimiro Lopes e Alicia de Alba.
        A obra salienta as diferenças existentes entre os dois países latino-americanos. No Brasil, o sentido do currículo é intrinsecamente associado à discussão sobre a educação básica. Já, no México, há pouca atuação de pesquisadores nas políticas, nas práticas e na formação de professores desse nível, o que torna o pensamento curricular fortemente vinculado ao ensino superior. Esta e outras diferenças são enfatizadas pela proposta de leitura.
       
Os ensaios abordam temas como a organização curricular, a avaliação, a formação dos professores, a cultura escolar, a pesquisa e a pós-graduação, entre outros. Cada assunto se divide em dois capítulos, escritos separadamente por professores brasileiros e mexicanos, o que propicia ao leitor a possibilidade de comparação das duas realidades.
         “Diálogos curriculares entre Brasil e México” é indicado para aqueles que se interessam pela área da educação com enfoque na América Latina.  O livro faz parte da série Pesquisa em Educação.

(Thais de Souza Araújo)