segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Experiência opaca enfoca literaturas argentina e brasileira

Acabando o ano e não resisto a falar de um livro muito interessante, de 2012. Nada mal olhar um pouquinho para trás, antes que cheguem as novidades, os livros de 2014. Antes que eles nos enfeiticem.
Quero falar de A experiência opaca – literatura e desencanto, de Florencia Garramuño, lançamento da EdUERJ, com tradução de Paloma Vidal. Um trabalho que enfoca as literaturas argentina e brasileira contemporâneas não só como objeto de estudo, mas como um vasto campo de experimentação teórica. Para isto, a autora utiliza concepções, como as de Lygia Clark e Hélio Oiticica, que pressupõem que a arte como um convite à experimentação, pronta a modificar o público que a consome, oferecendo e recebendo novos significados.
Não por acaso, Florencia invoca uma fala do personagem Rodrigo, oriundo de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector:
“Transgredir meus próprios limites, me fascinou de repente. E foi quando pensei em escrever sobre a realidade, já que esta me ultrapassa.”
Como exemplo para explicar a interação entre arte e realidade, Florencia recorre a Hélio Oiticica, extraído em “Anotações sobre o Parangolé”: “Museu é o mundo, a experiência cotidiana”.
Esta é a filosofia que permeia este Literatura Opaca. Nele, a professora nos guia por autores cuja criação literária arranca o sujeito de si mesmo, desfilando personagens eventualmente sem nomes, protagonistas que se fundem, sugerindo a intensificação de estados emocionais e caminhos fragmentados. Para Florência, a escrita está “mais próxima de uma ideia de organismo vivo, irracional, que respira, do que de uma construção acabada...”.
A literatura analisada, seja brasileira ou argentina, não surge impondo conhecimento ou saberes, mas sugerindo o precipício do gozo e da fantasia, quiçá do sofrimento. Nesta aventura, Florencia enumera Clarisse Lispector, João Gilberto Noll, Ricardo Zelarayan, Beatriz Sarlo, Osvaldo Lamborghini, Silviano Santiago, Ana Cristina Cesar, entre outros.
Um dos destaques é a abordagem do lado histórico de dois países do terceiro mundo marcados pela ditadura. Um exemplo é o capítulo 2, “Um contexto: o desencanto do moderno”, observando o aparente apogeu, seguido de esgotamento, da hegemonia cultural da esquerda nos primeiros anos da ditadura tanto no Brasil quanto na Argentina (esgotamento “apressado” pelo AI-5, no nosso caso). O desdobramento é a encruzilhada, surgida posteriormente: a arte deve ater-se ao momento político de seu país, tornando-se, por vezes, doutrinária? Ou seria possível uma manifestação cultural política e autônoma?
Estas e outras questões estão em A experiência opaca – Literatura e desencanto, de Florencia Garramuño, coordenadora do Programa de Cultura Brasileira da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires, indicado, sobretudo, para os estudiosos de literatura latino-americana.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

EdUERJ lança novo volume de Geografia Cultural - uma antologia

Geografia Cultural – uma antologia - volume ll, organizado pelos professores Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa, marca pela diversidade. Com assuntos como religião, simbolismos urbanos, cinema e literatura, o lançamento da EdUERJ enfatiza uma verdade que transparece em seus capítulos. O fato de que o ser humano e suas manifestações culturais devem ser compreendidos dentro do contexto da sociedade ou do ambiente onde se desenvolvem.
 
Os textos distribuem-se em cinco partes: O urbano e a cultura; Formas simbólicas e espaço; Espaço e religião; Festas e espaço; Identidade e território; e Cinema e literatura.
 
O resultado deve interessar sobretudo ao estudante de graduação, que encontrará artigos como o de Roberto Lobato Corrêa sobre shopping center e suas construções como artifícios para estimular o consumo. A literatura também comparece, na análise de Gabriela Rodriguez Fernandez sobre Londres, tendo como referência o cenário distópico concebido pelos escritores Aldous Huxley, em Maravilhoso mundo novo, e por George Orwell, em 1984.
 
No âmbito da religião, Maria da Graça Mouga e Sandra Carneiro tecem reflexões sobre o magnetismo espiritual que os santuários exercem sobre os peregrinos.  Já Zeny Rosendahl vê a tríade espaço, política e religião, exemplificando com dados sobre a Igreja católica no território brasileiro.
 
Outros destaques são “Eu não acredito em deuses que não saibam dançar a festa do candomblé: território encarnador da cultura”, de Aureanice de Mello Corrêa, e a “As questões de identidade em geografia cultural – algumas concepções contemporâneas” de Mathias Le Bossé, professor da Kurtztown University of Pennsylvannia. Este último saiu originalmente em edição da revista Géographies et Cultures, de 1999, e permanece representativo do gênero.
 
Geografia Cultural – uma antologia Volume II fala do homem, da cultura e dos caminhos, que podem se desenhar como cenários de terra ou cimento, mas também como riquezas do pensamento humano.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um olhar etnográfico sobre os adeptos da alimentação natural

Como pensa uma pessoa que consome apenas produtos orgânicos? Ou o que motiva alguém a evitar a ingestão de carne? Engana-se quem acredita que os adeptos da alimentação natural procuram apenas uma vida com mais saúde. Não raro, suas escolhas representam razões ideológicas que se articulam como uma filosofia de vida. Investigar as linhas de pensamento deste grupo foi o desafio que a professora Maria Claudia da Veiga Soares Carvalho propôs-se em Bricolagem Alimentar nos estilos naturais, lançamento da Editora da Uerj.

A autora pesquisou as diferentes vertentes de alimentação natural e seus adeptos no Rio de Janeiro. Dentre as práticas naturais de alimentação, destacou a linha vegana e a do alimento vivo. Os primeiros restringem sua dieta a alimentos de origem vegetal ou fungos, já os segundos baseiam sua alimentação em sementes e alimentos crus. Para a autora, a preferência por uma dieta natural é uma ideia que surge “simbolicamente como resistência ao fast food, refletindo uma tensão com o industrialismo, especificamente com o seu caráter lucrativo e o consumismo” Esta linha de pensamento conjuga a pressa, a violência e a desigualdade social como antagonistas de um pensar que valoriza a alimentação natural, a ecologia, o artesanal e utopias.

Os capítulos apontam para os valores que os naturistas atribuem à sua relação com os alimentos. Como o de sacralização da natureza, traduzido em ações como afastar-se dos agrotóxicos e aditivos alimentares contidos nos produtos industrializados. Não ingerir carne também insere-se como uma crítica à violência e aos sofrimentos causados aos animais. Outro signo que Maria Claudia da Veiga detectou é o da contracultura com base nos ideais dos anos 1960. Neste caso, exaltam-se os direitos das minorias e a liberdade de expressão em oposição às “imposições do sistema” e às urgências do capitalismo. A simpatia pela contracultura demonstra a consciência do que significa ser partidário de uma alimentação natural em uma sociedade que é carnívora em mais de um sentido.

Bricolagem Alimentar é um conceito adaptado da proposta sócio antropológica que Lévi-Strauss chamou de bricolagem e, no caso deste livro, equivale à experiência de organizar o universo simbólico dos significados dos alimentos na vida das naturalistas. O campo etnográfico é basicamente composto pela classe média do Rio de Janeiro (às vezes não pelo poder aquisitivo, mas pelos hábitos) e a estratégia escolhida foi a dedesnaturalizar: interpretar o significado dos alimentos, e, principalmente “estranhar aquilo que era familiar ou natural a essas coisas”.

Indicado a estudiosos de nutrição social, o livro é um estudo etnográfico que serve de estímulo também para aprofundar uma reflexão sobre os hábitos alimentares do homem urbano em nossos tempos

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Boas intenções?

"A colaboração lhe bate à porta...", de Ana Lúcia Vieira, publicado pela EdUERJ traz à tona um tema pouco exporado: a visitação social, prática que fazia parte do cenário de desenvolvimento capitalista industrial e da expansão urbana no fianld o século XX. O livro esmiúça a atuação das visitadoras sociais em uma companhia têxtil do Rio de Janeiro e desnuda as motivações ideológicas que comumente ficavam menos à vista do que as aparentes boas intenções.

As visitadoras sociais retratadas atuavam junto aos operários da Companhia Nova América, durante o período de 1944 a 1953. A visitações, objeto do livro da EdUERJ, acontecia em diversos espaços: na fábrica, na Vila Operária Ciedade-Jardim Nova América e nas dependências da Associação Atlética Nova América. Com a crescente industrialização do país, também aumentava o interesse do Estado e dos empresários em promoverem a atividade das visitadoras. para Ana Lúcia Vieira, era possível, "detectar nessas práticas uma rede muito maior de estratégias de poder"
As visitadoras orientavam em relação à saúde, higiene, alimentação, organização do lar e relações familiares, com base em discursos médicos, higienistas e pedagógicos, de onde também provinham a inspiração para os tratamentos adequados. A gama de atividades das visitadoras era extensa: acompanhamento de gestantes, orientação nos cuidados com os recém-nascidos, encaminhamentos as crianças maiores às creches da fábrica e determinação de hábitos alimentares e de higiene. Entre outras atividades, buscava-se também compreender a vida pregressa do operário, com o objetivo de tecer um diagnóstico de possíveis desajustes sociais.

Entre as principais atividades das visitadoras, o livro enumera a fiscalização do uso dos serviços públicos e sociais disponibilizados pelo Estado e pela empresa aos operários, o monitoramento das vidas particular e profissional dos operários, e finalmente, a doutrinação destes aos valores instituídos como os mais adequados ao trabalhador brasileiro.
Ao avaliar a visitação, a autora considera que “a urgência de medidas que assegurem um mínimo de bem estar a indivíduos e grupos não pode se transformar em álibi para intervenções desmedidas no dia a dia das pessoas”. Estratégias de poder sutis, mas eficientes que colocam em pauta a eterna questão sobre os limites do estado no que tange à vida particular do cidadão. Meta revelada pela autora: espera que sua pesquisa “possa estimular um olhar inquiridor sobre as políticas públicas e sociais do tempo presente.”

 

 

 
 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O lado mais instigante da geografia

Carl Sauer : pioneiro
É impossível pensar em assuntos amplos como religião, literatura, política e cinema sem delimitarmos um cenário onde a ação se passa. Por exemplo, ao falarmos de religião, o contexto será totalmente diferente se abordarmos a Índia ou o Brasil. Assim como o cinema americano também é distinto daquele que é feito na Argentina. O ser humano e suas manifestações culturais não podem ser interpretados fora do contexto da sociedade ou do ambiente onde foram criados.
Esta observação sobre a relação dos grupos sociais e seu respectivos habitats é o lado mais instigante da geografia, e o foco de Geografia Cultural – uma antologia volume ll, organizado pelos professores Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa, lançamento da EdUERJ.
Os artigos foram selecionados principalmente da Coleção Geografia Cultural, também editada pela EdUERJ, que tem mais de 20 títulos publicados, alguns fora de catálogo.  A antologia enfoca as duas linhas principais da geografia cultural: a baseada em Carl Ortwin Sauer, marcada pelo lançamento de “A morfologia da paisagem” em 1925, e a nova geografia cultural, vertente que ganhou força nos anos 1980.
Para ilustrar, o ponto de vista saueriano enfoca a cultura como um conceito amplo incluindo até aspectos mais plurais como a moral e as leis vigentes. Já pelo olhar interpretativo da nova geografia cultural, a cultura é a representação de nichos culturais, que surgem nem sempre com rígidas delimitações espaciais.  As duas visões às vezes divergem, mas também podem ser complementares. Neste volume predomina a linha da nova geografia cultural.

A antologia divide-se em cinco partes: O urbano e a cultura; Formas simbólicas e espaço; Espaço e religião; Festas e espaço; Identidade e território; e Cinema e literatura.

O urbano, quase sempre associado ao progresso
Mesmo quem não é da área de geografia pode ler, tem relação com comunicação, história, antropologia, etc. É o homem modificando o meio e o meio modificando o homem. Uma questão não tão simples, mas que rende artigos bem oportunos, como o texto de Roberto Lobato sobre shopping center e suas construções como artifícios para estimular o consumo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fotos da Festa da Ciranda


 Festa da Ciranda na sexta-feira, 22 de novembro. Com Claudia Roquette-Pinto, Italo Moriconi e Paulo Henriques Britto.

O público prestigiou o debate e a leitura de poesia na Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel.






 




O poema, lido em voz alta,
oferece uma nova experiência ao público.

Só ouvindo para crer.

Vale lembrar que os dois poetas convidados são protagonistas  da edição da Ciranda da Poesia "Claudia Roquette-Pinto por Paulo Henrique Britto", publicado pela EdUERJ.

Fiquem de olho, porque aqui vamos noticiar
as próximas edições da Festa da Ciranda.








terça-feira, 19 de novembro de 2013

Festa da Ciranda: próximo 22 de novembro





Na próxima sexta-feira 22 de novembro, mais uma edição da Festa da Ciranda. Estou reproduzindo ao lado o convite, assim como uma poesia de Claudia Roquette-Pinto, que transcrevi do volume Claudia Roquette-Pinto por Paulo Henriques Britto, da coleção Ciranda da Poesia, publicado pela EdUERJ. Aguardo vocês lá!



 
Jazz
 
A noite tece ao redor
há uma lua uma abó
bada um rosto de lilian gish
que alguém deixou de propósito
atrás da mureta a
aspereza azul levita
e torna a afundar
abrindo a prata e ror nessa hipnose
correm as notas pela escada
pérola    as teclas
os degraus
eis:             e depois
um sax desperta flores nos quadris.
 
 
de que lugar de mim verto esse caos?

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Além dos limites”: ensaios que valorizam o ingrediente humano

Além dos limites – ensaios para o século XXI, lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ), é fruto de cooperação acadêmica entre a Uerj e a Universidade de Winnipeg, no Canadá. O livro traz reflexões sobre aspectos da arte e da cultura contemporâneas, privilegiando um leque amplo, que inclui estudos não só sobre manifestações artísticas, mas também sobre economia, capitalismo e globalização mundial.
Organizado pelos professores Maria Conceição Monteiro, Guillermo Giucci e Neil Besner, o livro está em sintonia com o fato de que no mundo globalizado as diferentes áreas de conhecimento se contaminam. Contudo, o cruzar de limites sugerido pelo título do livro não se refere somente à multiplicidade de assuntos tratados (e à forma como intercambiam-se), mas também à nacionalidade heterogênea dos autores, ocasionando um livro multilíngue, com textos em português, inglês e espanhol. Os artigos são assinados por Alckmar Luiz dos Santos, Barry M. Katz, Bernard McGuirk, David Martin-Jones, Efraín Kristal, Ferreira Gullar, Gabriel Galli, John Urry, Juan Grompone, Manuel Antônio de Castro e Paul Davidson.
São debatidos a literatura, o cinema, a música, o design, a tradução, a reinvenção da arte (aqui em ensaio de Ferreira Gullar). Ao falar destas expressões artísticas, os autores versam também sobre um mundo conectado, em que as novidades vão se substituindo umas às outras, em velocidade crescente. Esta é uma preocupação recorrente nos ensaios selecionados.

No capítulo Reinvenção da arte, Ferreira Gullar argumenta que a busca incessante de novidades conduziu-nos “à desintegração das linguagens artísticas”, propondo que estas devem reinventar-se. Já em seu artigo sobre literatura, Alckmar Luiz dos Santos sugere: “deixemos a velocidade para a máquina, a nós resta o prazer de pensar”. O resultado não aponta para caminhos, mas para novas formas de pensar sobre o cotidiano.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O futuro do livro é novo e livre (Seminário Fiocruz - parte 1)

Como vamos autografar um livro digital?
No dia 8 de novembro, como parte do seminário em homenagem aos 20 anos da Editora Fiocruz, duas palestras movimentaram o evento: a do editor executivo da EdUERJ, professor Italo Moriconi, e a do coordenador do Programa SciElo, Abel Packer. Como coordenador da mesa, participou Domício Proença, imortal da Academia Brasileira de Letras.

Abel Packer iniciou o encontro, ressaltando o fato de que o Programa SciELO agora também inclui livros em sua plataforma digital. Em seguida, expôs sua visão sobre o momento atual do livro:

- O que importa é o conteúdo e não o suporte em que ele está. Com o material corretamente formatado, é possível ler na China ou em qualquer lugar. O livro é uma entidade de transmissão de conhecimento e, como uma entidade em si, liberta-se do suporte do papel. 

Em termos de produção científica mundial, ele detecta que um dos problemas das editoras universitárias brasileiras está na língua portuguesa, e da pouca visibilidade desta na web.

Para o professor Italo Moriconi, embora o futuro do livro acadêmico passe pela questão digital, “a pessoa que está terminando sua pesquisa ou mesmo a que está fazendo um doutorado, em determinados momentos vai precisar do livro impresso como suporte”.

E acrescenta citando uma distinção:

- As pessoas ainda valorizam o livro e o jornal impressos. Uma coisa é ser viral na internet, outra é ser uma referência na mídia impressa.

Para ele, o panorama atual é de transição:

- O digital ainda não deslanchou. É uma tendência que ainda vai crescer, mas no Brasil a velocidade é menor. O problema é a quantidade de leitores e também de acesso ao computador. O digital implica uma mudança civilizacional. É uma mudança antropológica, o timing ainda não dá para prever.

Em seu aparte, Domício Proença Filho citou o fato de muitas vezes uma tiragem de 3.000 exemplares demorar anos até se esgotar, em se tratando do mercado editorial brasileiro. Observou a realidade digital, em que é possível conter uma biblioteca dentro de um tablet. Também aludiu às novas gerações, que crescem acostumadas às linguagens dos computadores.

Otimista, trouxe uma perspectiva:

- Hoje o mercado está exigindo a presença da língua portuguesa, ela está tentando aparecer.

E finalizou as atividades do dia citando o poeta espanhol António Machado:

- O caminho se hace al andar

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Para músicos e cientistas

São muitos os caminhos pelos quais a música pode ser percebida: como arte; como soma de harmonia, melodia e ritmo; ou mesmo como cultura que se propagou pela herança de diferentes etnias. Contudo, seja qual for o conceito escolhido para definir música, não podemos ignorar que ela se constitui de uma série de interações que pode ser explicada pela ciência. Esse desvendamento é a trilha principal de A física na música, lançamento da EdUERJ com textos selecionados pelos professores Maria Lúcia Grillo e Luiz Roberto Perez. Trata-se de uma leitura que torna os fundamentos científicos da música mais acessíveis ao público em geral.

Por mais diferentes que sejam os intérpretes ou estilos - clássico ou funk, rock ou valsa, etc - ainda assim, podemos enxergar e destrinchar o que se ouve sob o prisma da ciência. Justamente para esclarecer os “ingredientes invisíveis” da música, os organizadores da coletânea selecionaram (e também escreveram) artigos com temas como acústica, ressonância, propriedades das ondas sonoras, ouvido musical e musicoterapia. Por ser uma das mais apaixonantes manifestações culturais do homem, a música tem tal poder de deslumbramento que, diante dela, poucos se questionam sobre temas como a representação física de uma nota musical. A Física na música nos leva por esse terreno.


Os capítulos contêm muitos exemplos práticos, e, levando em consideração a finalidade educacional da publicação, sugerem exercícios para fixar o conteúdo. Com uma abordagem teórica acessível, também são apontadas utilidades pedagógicas para mestres, como no capítulo 3, escrito por Maria Lucia Grillo, "Uma proposta de utilização da acústica musical no ensino da física". O resultado é um estudo que observa o papel da música nos campos da arte e da ciência, sem menosprezar sua importância social, indicado para estudantes de física e para amantes do som em um sentido mais amplo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

As diversas faces de um lançamento

Sonia Cristina Gama assina um exemplar.
Na quinta-feira, 7 de novembro,  foi realizada a noite de autógrafos de As diversas faces da propriedade industrial, publicação da EdUERJ com apoio da Faperj.
A reunião foi na Livraria Mini Book, no Museu de República. Os autores dos artigos do livro estiveram presentes para compor a mesa e assinar os exemplares. Noite de divulgação de um trabalho, mas também de confraternização.





Taís Villela e Patrícia Barbosa: autoras
Erica Lopes prestes a autografar

Erica  Lopes,  Elisangela Silva, Taís Villela, Sonia Gama e Patrícia Barbosa

Em destaque à esquerda, Erica Lopes (assinando) e Elisangela Santos da Silva

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Livro aborda práticas pedagógicas e a formação do leitor brasileiro

Leitura, pesquisa e ensino, de Márcia Cabral da Silva, traz à tona um processo significativo para a sociedade brasileira: a formação do leitor. O livro, publicado pela EdUERJ com apoio da Faperj, trata da leitura, não apenas como prática, mas como uma ação cujas raízes remetem a contextos educacionais como destaque para o papel que o professor pode desempenhar.
Os ensaios do livro são fundamentados em procedimentos de pesquisa, assim como em fatos históricos, contextualizando o leitor e a educação em diferentes recortes temporais. São temas como a prática de leitura nas bibliotecas populares, a utilização dos manuais escolares em sala de aula ou as características da versão de Monteiro Lobato para Dom Quixote (voltado para crianças), só para citar alguns. Entre os capítulos, um deles é dedicado à leitura no nordeste nos séculos XIX e XX. A penúria do processo alfabetizante da região é analisada, com alusões ao romance autobiográfico Infância, de Graciliano Ramos.
 A coletânea enfatiza o contexto educacional, no instante quando emerge, da relação entre o estudante e a escola, a possibilidade da formação de novos leitores. Neste âmbito, são enfocados projetos de leitura, o texto como aliado do professor, a utilização da literatura na aula, e até mesmo os motivos pelos quais o aluno deve ler. Esta última, uma questão que leva Márcia Cabral a enumerar as razões, com uma referência à Cecília Meirelles: ler “para decifrar os enigmas da vida”.
 
Identificando a motivação dos estudantes, a autora admite que ler é uma tarefa a ser exercida. O tipo de atividade que, quando envolve alunos e mestres, demanda condições especiais, como silêncio, o que nem sempre é simples. Em frente à urgência de se cumprirem prazos pedagógicos e da quantidade de conteúdos a serem ministrados em sala de aula, a autora questiona como é possível garantir a leitura como prática social.
 
A falta de tempo surge como obstáculo. Márcia Cabral observa que nem sempre as pessoas leram “da forma apressada como se lê contemporaneamente". Contudo, a autora não se acomoda em uma afirmação de cunho crítico. Ao contrário, no capítulo 10, propõe uma série de atividades para transformar a leitura em uma prática social no ambiente escolar, utilizando a biblioteca da escola como espaço de referência.
 
Entre relatos, conclusões e propostas, Leitura, pesquisa e ensino pode ser atraente para professores, assim como para pesquisadores em ciências humanas, ajudando  a conhecer a história do impresso no Brasil.
 

Seminário O Futuro do livro é o livro

A Editora da Fiocruz é uma das principais editoras universitárias públicas do Rio de Janeiro e completa 20 anos em 2013. Nesta semana, eles realizam um seminário bem atraente para os interessados no mercado editorial. O professor Italo Moriconi, editor executivo da EdUERJ, vai participar no dia 7 de novembro da mesa O Futuro do livro é novo e livre?, que conta com Abel Packer, coordenador do Programa SciELO. 

Segue a programação completa. Os interessados podem se inscrever pelo site  www.fiocruz.br.

O FUTURO DO LIVRO É O LIVRO
Luis David Castiel, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz)

Local: Academia Brasileira de Letras (ABL)

PROGRAMAÇÃO:

6 de novembro

Mesa de abertura
17h-17h30
Ana Maria Machado, presidente da ABL
- Nísia Trindade Lima, vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz e diretora da Editora Fiocruz
- Lívio Amaral, diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes)
- José Castilho Marques Neto, secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL)
- João Canossa, presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu)
- Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz

Conferência de abertura O futuro do livro é onde estão autores e leitores
17h30-18h15: Palestra de Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional
Coordenação: Nísia Trindade Lima

18h15-20h: Coquetel de boas-vindas


7 de novembro

Mesa O futuro do livro é novo e livre?
9h30-10h15: Palestra de Abel Packer, coordenador do Programa SciELO
10h15-10h30: Comentários do mediador/debatedor
10h30-11h: Coffee break
11h-11h45: Palestra de Italo Moriconi, editor executivo da Eduerj
11h45-12h: Comentários do mediador/debatedor
12h-12h30: Debate final


8 de novembro

Mesa O futuro do livro é onde está o conhecimento
9h-10h: André Botelho, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), e
10h-10h15: Comentários do mediador/debatedor
10h15-10h45: Coffee break
10h45-11h30: Palestra de Deonísio da Silva, escritor e diretor da TV Estácio
11h30-11h45: Comentários do mediador/debatedor
11h45-12h15: Debate final
Mediador/debatedor: Arlindo Fábio G. de Sousa, Canal Saúde

12h15-14h: Almoço

Conferência de encerramento [título a definir]
14h-14h10: Apresentação do conferencista pela coordenadora
14h10-15h10: Conferência de John B. Thompson, professor de sociologia da Universidade de Cambridge, autor do livro Mercadores de Cultura, recém-lançado em português pela Editora Unesp [haverá serviço de tradução simultânea]
15h10-15h30: Comentários do mediador/debatedor e agradecimentos
Coordenação: Nísia Trindade Lima


15h30-18h: Coquetel de encerramento e lançamentos editoriais

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

EdUERJ lança ensaios sobre a propriedade intelectual



O ambiente nacional favorável ao desenvolvimento tecnológico, conceito mundialmente conhecido por Sistema Nacional de Inovação (SNI) movimentam os ensaios de “As diversas faces da propriedade intelectual”. Organizado por Celso Luiz Salgueiro Lage, Eduardo Winter e Patrícia Maria da Silva Barbosa, o livro é um lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(EdUERJ).
Alguns temas abordados no livro: o ensino da propriedade intelectual nos cursos superiores, o desafio de criação de uma marca regional no processo de integração do Mercosul, e a indústria fonográfica e seus aspectos semiológicos. Há tópicos que garantem o debate como o capítulo sobre o licenciamento compulsório de patentes de produtos farmacêuticos no Brasil, ou sobre a importância da inserção do profissional de saúde no contexto da propriedade intelectual.
Os textos ajudam a refletir sobre como funciona, no Brasil, o SNI, conceito que engloba o estado, a universidade ou institutos de Pesquisa, e as empresas. Em países como a Alemanha, o conjunto de fatores que compõe o SNI funciona de forma harmônica. Isto permite gerar, aplicar e divulgar o conhecimento científico, transformando-o, constantemente, em inovação tecnológica. No Brasil, a industrialização, assim como a criação de universidades e institutos de pesquisa, ocorreu de forma tardia. E o Sistema Nacional de Inovação mostra-se ainda imaturo.
O livro valoriza as formas de proteção da propriedade intelectual, ressaltando a importância destas medidas para resguardar o desenvolvimento econômico que pode decorrer dos avanços tecnológicos. Investido desta ideia, sugere ações como o ensino de conceitos relativos à propriedade industrial em cursos de graduação.
Este lançamento é indicado a quem deseja uma visão realista do momento por que passa a propriedade intelectual, trilhando os caminhos nem sempre fáceis de um país em desenvolvimento.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O poema em tempos de barbárie


 Existe possibilidade de poesia em um cotidiano embrutecido? A questão inspira “O poema em tempos de barbárie e outros ensaios”, de Vera Lins, lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ). Em suas reflexões, a autora enfoca o poema que surge como ato de resistência a uma realidade social inóspita, ou que se propõe resposta ao estado letárgico da sociedade de entretenimento. Com espaço para questionamentos filosóficos e existenciais, o livro observa o protagonismo do verso, do autor e também da crítica literária, em produções dos séculos XX e XXI.

 O artigo-título faz referência a Theodor W. Adorno, expoente da Escola de Frankfurt, que declarou a impossibilidade de se criar poesia após Auschwitz. A professora Vera Lins debate este paradigma, somando a ele, concepções de outros teóricos, como Slavoj Zizek. Este último atualiza o pensador alemão, argumentando que é a prosa (e não a poesia) que se mostrou impossível após Auschwitz, dada a pungência do fato real. 

 Com a ajuda de versos de Paul Celan, Sebastião Uchoa Leite, Murilo Mendes, Haroldo de Campos, entre outros, Vera Lins guia o leitor em suas explanações, argumentando que se a realidade mostra-se difícil, é justamente do dilaceramento que nasce a esperança. Enquanto a prosa inclina-se frágil diante da realidade, a poesia tem a vantagem de seguir por caminhos menos literais, proporcionais à imaginação ou à ousadia do autor.

 No livro, alguns autores são comentados em capítulos específicos, como o alemão W.G. Sebald, e seu trabalho com texto e fotos, assim como o cubano Nicolás Guillén, mencionado por suas elegias. Neste sentido, destaca-se o capítulo Confinamento e deslocamento na poesia brasileira de Cruz e Souza a Ferreira Gullar, tratando de dois representantes de períodos distintos, cuja obra, em comum, denotava resistência (como Poema sujo, de Gullar, ecoando o exílio).Também merece menção especial o capítulo que analisa o impacto causado pelo quadro Arrufos(1887), de Belmiro de Almeida, que escandalizou por trazer imagens de intimidade para uma sociedade habituada a ilustrações de cunho menos pessoal.

 Dialogando com a inserção do poema em tempos de crise, a autora reserva um espaço para falar da crítica literária. Esta é abordada em capítulos como A crítica de arte e o jornal, “A crítica em tempos de guerra: Ruben Navarra e os anos 40”, para citar alguns.

 Ao todo são dezesseis artigos que podem ser lidos de forma autônoma, e que, juntos, constituem uma indicação sobretudo aos estudiosos da literatura, mas também aos interessados em arte no seu aspecto mais amplo.

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

EdUERJ lança volume sobre patrimônio cultural no Leste Fluminense


 


Entrevista:
Prof. Luiz Reznik



A EdUERJ acaba de lançar, em parceria com a Petrobras, o livro “Patrimônio Cultural no leste fluminense – História e memória de Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Tanguá”.  A publicação traz mais de 500 páginas recheadas de fotos e descrições pormenorizadas do conjunto de bens culturais reconhecidos como referências das localidades. A autoria é dos professores da Uerj Luiz Reznik, Marcia de Almeida Gonçalves, Roberto Conduru e Rui Aniceto Nascimento Fernandes.
 
 O professor de história Luiz Reznik, coordenador do projeto, contou-nos mais sobre o processo de confecção deste material.




 

Como foi que surgiu esta oportunidade da parceria com a Petrobras?


Em 2008, a UERJ foi procurada pela Petrobras para elaborar ações para educação ambiental e para valorização da cultural local da região do entorno do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. Trata-se de ações de contrapartida da Petrobras (ações pactuadas com as prefeituras e com órgãos estaduais de fiscalização) aos municípios impactados pelas obras do Comperj, tendo em vista as futuras instalações.
 

Na ocasião, fui convidado a colaborar, devido ao trabalho consolidado do meu grupo de pesquisa sobre história local naquela região (História de São Gonçalo: memória e identidade). 

Em 2009 realizamos o levantamento e análise do patrimônio material de Itaboraí e Cachoeiras de Macacu, além da promoção de oficinas de educação patrimonial para professores da rede pública municipal de Itaboraí. Para esta última ação foi elaborado um Caderno de Atividades distribuído aos professores.

 A Petrobras resolveu dar continuidade ao Projeto de Valorização da Cultura Local, ampliando a área de abrangência e o escopo das ações. Entre 2012 e 2013, realizamos o levantamento, descrição e análise dos bens materiais e imateriais de cinco municípios: Itaboraí, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Guapimirim e Tanguá. Esta pesquisa foi consolidado no livro em questão e em um vídeo e 80 minutos, que foi montado basicamente a partir dos depoimentos de pessoas da localidade. Desta feita também realizamos, e produzimos outros dois livros, oficinas de Educação Patrimonial em Guapimirim e Cachoeiras de Macacu.

 Como será distribuído este livro?
 
A distribuição é responsabilidade da Petrobras. Esperamos que chegue aos municípios pesquisados: aos órgãos públicos, às bibliotecas, às escolas, aos produtores culturais, às instituições analisadas. Em paralelo, estamos distribuindo para algumas universidades, para pesquisadores afins, para os órgãos oficiais responsáveis pelo Patrimônio Cultural (IPHAN e INEPAC).


A quem vocês esperam alcançar com este lançamento?

Em primeiro lugar, a população dos municípios pesquisados. Patrimônio cultural
é algo dinâmico e sua valorização depende dos sentidos que lhe são conferidos pela população local. Logo, esperamos que livro e vídeo sejam não um ponto de chegada, mas um ponto de partida para uma reflexão sobre os bens materiais e as manifestações culturais que dão sentido às nossas vidas.

Mas também queremos dar visibilidade a essas localidades fora delas; apresentar ao público em geral do Rio, do Brasil e do mundo que ali há um rico patrimônio cultural. Dessa forma, livro e vídeo são também um convite para nos deslocarmos (no duplo sentido: geograficamente, mas principalmente, culturalmente). Conforme é sabido, olhar o outro é uma boa forma de nos conhecer melhor.

Por fim, pretendemos consolidar uma metodologia para levantamento e análise do patrimônio cultural. Dessa forma, pretendemos também que o livro seja útil para os pesquisadores.

Sobre Devir Puta, da Coleção sexualidade, gênero e sociedade


Devir Puta apresenta Dete, Nilce, janete e Soila: profissionais do sexo e militantes dos direitos de sua categoria.

Para José Miguel Nieto Olivar, o autor, a meta não é discutir os motivos que levaram as mulheres a esta opção de fazer programa, mas a maneira como contam e lembram suas trajetórias...a cidade, o trabalho e seus afetos.

Para elaborar a tese de doutorado, da qual deriva este livro, ele participou ativamente das diversas ações políticas e pedagógicas do Núcleo de Estudos da Prostituição (NEP), de Porto Alegre, organização de prostitutas que trabalha pela saúde, autoestima e cidadania.

Embora tenha centrado as ações em Porto Alegre, também articulou sua pesquisa no Rio de Janeiro e em Puerto Berrío, na Colômbia. No caso do Rio, por intermédio de colaboração com organizações como a DAVIDA e com a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA).

Observando de perto os passos de suas heroínas, Devir Puta acaba por iluminar as políticas públicas em relação à prostituição, aspectos do jogo político, cujas peças eventualmente impedem justas conquistas da categoria.

A vida decididamente não fácil. A bancada religiosa que impede que se legitimem conquistas da classe nas esferas políticas, as feministas que veem a prostituta como alguém que degrada a imagem da mulher, polícias e gigolôs que eventualmente impõem a brutalidade para explorá-las. Até as outras, aquelas que “dão de graça”, aparecem como adversários, na visão destas profissionais. Mas, politizadas e longe de qualquer vitimização, são elas, as protagonistas de Devir Puta, de José Miguel Nieto Olivar, lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ). Narrativa de cunho político-existencial, o livro pode desmantelar qualquer preconceito sobre o tema.



Devir Puta faz parte da Coleção sexualidade, gênero e sociedade, do Centro Latino-americano em sexualidade e direitos humanos (CLAM/IMS-UERJ).




terça-feira, 8 de outubro de 2013

"Sexualidade adolescente como direito?" na Livraria do Museu da República

Vanessa Leite assinou diversos exemplares...


...e ainda havia vários a serem autografados.





  O livro foi na lançado na quinta, 3 de outubro.